Comandar o próprio negócio, independentemente da área de atuação, costuma ser o sonho de grande parte dos brasileiros. Mas as inevitáveis dificuldades que aparecem pelo caminho acabam fazendo com que muitos desistam logo no começo da jornada ou antes mesmo de tirarem as ideias do papel.
Pensando em dar um “empurrãozinho” ao negócio de uma cozinheira de Belo Horizonte, dois fotógrafos viralizaram nas redes sociais ao presenteá-la com um ensaio gratuito dos seus produtos. Para isso, eles fizeram a composição do ambiente com ingredientes que já vêm no prato, serviram a comida, e tiraram fotos profissionais, utilizando apenas o celular.
Já em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, o empreendedor Jaime Almeida esteve a beira de desistir de sua food bike após amigos e familiares lhe darem um “bolo” bem na inauguração. Graças à internet, ele conseguiu reverter o cenário e as vendas agora estão à todo vapor.
Com a ajuda de Júnio Enes, consultor e palestrante do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o BHAZ listou 7 passos para que você possa abrir seu negócio “do nada”.
1 – Capacitação
O primeiro passo e, certamente, um dos mais importantes é a capacitação. O especialista explica que por mais que o empreendedor já saiba ou domine a área em que pretende abrir um negócio, sempre há algo mais a aprender ou aprimorar.
“A cada 10 empresas que abrem, 6 fecham em no máximo três anos por falta de capacitação, domínio do negócio. O primeiro ponto então é se capacitar, procurar entender do negócio, dos temas, da área que ele tá entrando. Também pesquisar sobre finanças, vendas, o empreendedor precisa ter essa vontade de aprender”, explica.
2 – Desenvolvimento do ‘perfil empreendedor’
O segundo ponto é se entender, de fato, como um empreendedor. E, a partir daí, adquirir comportamentos de quem pretende abrir um negócio de sucesso. Para Júnio, a persistência, sede de conhecimento e busca por qualidade e eficiência são as principais características que moldam um bom empreendedor.
“O que garante o sucesso de um negócio é o comportamento de quem está à frente dele. Então, desenvolver o perfil empreendedor é fundamental. A pessoa então precisa buscar se desenvolver nesses aspectos, para que tenha o comportamento adequado no dia a dia do negócio”, esclarece o especialista.
3 – Pesquisa de mercado
Outro ponto chave para um negócio que renda bons frutos é o conhecimento de mercado. Júnio explica que os empreendedores podem fazer esse tipo de pesquisa através de formulários online ou, até mesmo, observando o dia a dia do local em que pretendem abrir o empreendimento.
“É necessário que o empreendedor conheça o mercado que tá entrando. Entender quais clientes ele vai encontrar, o hábito desses clientes, quantos concorrentes existem naquele mercado que ele tá querendo entrar, as oportunidades e fraquezas”, pontua ele.
4 – Canvas (modelo de negócio)
Um termo diferente e que costuma tirar o sono de quem deseja empreender é o chamado “Canvas”. O analista do Sebrae garante, no entanto, que não há nenhum mistério nesta etapa, embora ela também seja crucial para a abertura de um empreendimento.
“O Canvas nada mais é que uma folhinha A4 com nove campos, pra que a pessoa possa modelar a empresa, estruturar o modelo de negócio de uma forma muito simples. Esse modelo é um planejamento simples, resumido, gráfico, visual onde o empreendedor vai definir quem é o cliente, quem é o parceiro, o dinheiro que entra, o que sai e, principalmente, qual a proposta de valor do negócio”, explica.
É no Canvas que o empresário vai estabelecer qual o problema que o seu negócio deve tentar resolver. Se você ainda tem dúvidas de como estruturá-lo, o Sebrae disponibiliza diversos modelos que podem ser usados como referência.
5 – Plano de negócio
Se você chegou até aqui, saiba que o planejamento ainda não terminou. Na próxima etapa, o empreendedor deverá estruturar o plano de negócios, ou seja, colocar na ponta do lápis quais serão os custos, lucros, estabelecer o perfil dos clientes, criar a meta e refinar os objetivos da empresa.
“No Sebrae a gente tem o PN Box. Ela é uma caixa de ferramentas para pensar a viabilidade do negócio, tanto em um aspecto mercadológico, quanto financeiro. É nessa etapa que o empreendedor vai saber se o negócio vai ter lucro, se vai ter prejuízo. É aqui que fazemos uma previsão de como essa empresa vai se comportar no mercado antes de abrir”, explica Júnio.
6 – Planejamento estratégico de marketing
Em seguida, é chegado o momento de começar a colocar a mão na massa. No sexto passo, o empreendedor deve construir as redes sociais da marca e estruturar toda parte de comunicação, como criar uma logomarca e um site. “É aqui que a gente prepara a empresa para abrir”, diz o especialista.
7 – Formalização
Na etapa de formalização, o empreendedor deve encarar a parte burocrática que envolve a abertura do negócio, como emitir o alvará de funcionamento, registrar a marca e emitir o CNPJ. Esse costuma ser mais um dos “pesadelos” de quem pretende encarar o mundo dos negócios, mas o consultor Júnio Enes garante que tudo pode ser resolvido bem rapidinho.
“Em cerca de três dias o empreendedor consegue ter o CNPJ. Se ele for criar um MEI (Micro Empreendedor Individual), em 15 minutos ele está com o CNPJ na mão. A depender do regime jurídico, ele vai precisar procurar um contador, o que pode demorar em média seis dias”, esclarece o especialista.
O consultor do Sebrae explica, ainda, que toda a jornada listada por aqui pode ser concluída em até uma semana. Isso vai variar dependendo das particularidades do negócio e também dos recursos que o empreendedor tem disponíveis.
Independentemente das dificuldades que podem aparecer pelo caminho, o especialista garante o Sebrae pode ser um grande aliado. “A gente consegue ajudar esse empresário em qualquer etapa dessa jornada. Seja aquele que quer empreender, mas não tem uma ideia. Se ele já tem, a gente senta pra ensinar como colocar no papel. Se o negócio já está funcionando, a gente atende para tentar melhorar e entender”, finaliza.
*Fonte: BHAZ