Lançado em 1928, o livro O Amante de Lady Chatterley gerou polêmicas na sociedade da época, em especial pelo conteúdo sexual explícito. Recém-lançado pela Netflix, o filme baseado no romance explora bem o enredo da história. Como toda adaptação compreende alterações, sejam elas sutis ou drásticas, a produção não passa ilesa. O Metrópoles leu o livro e assistiu ao filme e garante que a história permanece bem conservada, mesmo com os ajustes.
No geral, a história principal permanece intacta. Está tudo lá, até mesmo o que não é amplamente descrito no livro: a mudança do casal Chatterley – Clifford e Connie – para a mansão da propriedade Wragby, a contratação dos funcionários, até mesmo um final expandido para além das palavras de Lawrence. Confira a lista dos principais detalhes com alterações:
Michaelis, um proeminente escritor de peças teatrais, primeiro amante de Connie Chatterley no livro, aparece muito brevemente no filme. Em uma cena, aparece flertando com a lady e some. O nome dele só é mencionado na cena seguinte, quando Clifford informa a Connie que o dramaturgo não frequentará mais a residência.
O primeiro contato a sós entre Connie e o guarda-caça Oliver Mellors, que virá a ser o amante do título, é descrito no livro como menos amigável e mais tenso do que foi na tela. Trata-se da cena em que a senhora pede uma chave para poder frequentar a cabana onde Mellors trabalha criando faisões. O filme dá a entender que Mellors sentiu sua privacidade invadida com a presença da esposa do proprietário, mas sem a mesma força da narrativa literária.
Algumas passagens de importância menor, e que não alteram o sentido, foram distribuídas sem seguir a ordem do livro. Perfeitamente compreensível, e da forma como foram dispostas a história apresentada pela Netflix corre perfeitamente.
A força da paixão da Connie, no livro, soa mais melosa e pegajosa. Um sentimento ardente, claro, mas soa um tom a menos da poesia alcançada na interpretação do filme.
Adaptação da Netflix vai além
Um ponto interessante é a forma como a adaptação contextualiza as cenas com naturalidade. Como a contratação dos empregados, que serviu simplesmente para introduzir Mellors na história. No romance, Oliver Mellors já trabalhava para Clifford havia oito meses quando viu pela primeira vez lady Chatterley.
Para outros momentos do livro, a saída foi recorrer à narração de cartas trocadas entre os protagonistas. Diferente o romance, entretanto, o filme não termina com uma carta, mas com um reencontro. O que deu um tom mais pessimista, e bonito, sem mudar o sentido da história.
Fiel ao escrito
Por outro lado, detalhes importantes de serem mencionados permaneceram na mudança do romance para o longa-metragem:
Assim como no livro, a película de 2022 contém alto teor de nudez e atos sexuais, que incluem masturbação e o sexo propriamente dito. Esse é o pilar central da história: Connie só se apaixona por Mellors porque não fazia sexo com Clifford. O marido é paraplégico devido a ferimentos da 1ª Guerra Mundial. Não fez sexo com Connie na lua de mel, foi ao front, voltou lesionado e não demonstrou desejo sexual desde então.
Em uma ocasião, Connie acaba por fazer sexo com Mellors e passa a se envolver romanticamente com o guarda-caça. Foram ao menos cinco cenas de sexo contabilizadas no filme, de cerca de 1:10 minuto e 1:40 minuto de duração, fora os flashes de nudez espalhados.
Os diálogos principais da trama permanecem fieis ao escrito no original publicado. O livro foi lançado em uma época que vigoravam leis contra “obscenidades“, em especial nos Estados Unidos e no Reino Unido. Por isso e por ser um texto com grandes descrições sexuais, a obra foi banida desses países, e a venda ou impressão eram proibidas. Para poder editar o texto, Lawrence teve que recorrer à impressão em Florença, na Itália. Há, inclusive, certa cena no início do filme em que Clifford e Connie fazem referência a banimentos de livros por essas leis.
É um filme interessante, tal como a obra. Uma adaptação que mostra com fidelidade uma vida cinzenta que é a de uma aristocrata no interior da Inglaterra vivendo um casamento do qual o companheiro é completamente alheio.
*Com informações do portal Metrópoles