Segundo polícia, mulher confessou aos agentes ter matado crianças; defesa pediu laudo de insanidade da mãe. Crianças tinham 3 e 10 anos e foram encontradas em cima de cama.
A Polícia Civil investiga, desde o dia 27 de agosto, a morte de duas crianças de três e 10 anos em um apartamento de Guarapuava, na região central do Paraná. A mãe das vítimas foi presa suspeita de matar os filhos. Os corpos foram encontrados em cima da cama do imóvel.
De acordo com a delegada, quando foi abordada pelas equipes policiais, a mulher confessou ter cometido o crime. Contudo, depois, permaneceu em silêncio ao ser interrogada na delegacia.
Como foi o crime:
De acordo com o boletim de ocorrência da polícia, a mulher teria dado um calmante para o menino e o asfixiado com um travesseiro quando ele “já estava dormindo profundamente”. Já a filha de 10 anos foi estrangulada com um cachecol.
A delegada do caso, Ana Hass, afirmou também que a mulher confessou o crime aos policiais e disse ter permanecido com os corpos das crianças por cerca de 15 dias.
Mãe é presa suspeita de matar filhos de 3 e 10 anos no Paraná — Foto: William Batista/RPC
Ela foi presa em flagrante pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual.
Quando aconteceu o crime:
As autoridades chegaram até o apartamento no dia 27 de agosto, após um advogado de Santa Catarina fazer uma denúncia por telefone – o homem era representante da suspeita no processo de pensão do filho e foi contatado por ela.
Depois de chegarem no local, aos policiais, a mulher disse que havia surtado há cerca de 15 dias, colocando 13 de agosto como o começo da situação. A Polícia Civil não confirmou as datas pois aguarda resultado do laudo para determinar.
A polícia ainda espera o exame para verificar se as crianças foram mortas em datas diferentes. Isso porque há a suspeita de que a menina de 10 anos tenha sido mantida viva por quatro dias junto ao cadáver do irmão.
Dias seguintes ao fato:
A delegada afirmou que os indícios são de que a mulher levou uma vida normal após o crime. Testemunhas afirmaram terem recebido ligações dela oferecendo créditos consignados – ela era representante de uma empresa do ramo. Segundo a polícia, a mulher trabalhava de casa.
Além disso, a presa relatou que saiu de casa um dia para tentar tirar a própria vida ao se jogar em um rio, mas desistiu pois “estava frio”.
Ainda conforme a polícia, a escola onde estudava a menina de 10 anos chegou a perceber a ausência e ligou para a mãe da criança. A suspeita justificou que a menina estava doente e com gripe.
O menino de três anos não ia para a escola.
Mãe suspeita de matar os filhos fica em silêncio em depoimento, diz delegada — Foto: Reprodução/RPC
O porteiro do prédio também deu falta das crianças e mandou mensagens para a mãe, segundo a delegada, que usou das mesmas justificativas apresentadas à escola. Vizinhos não relataram diferenças pois a mulher havia se mudado há pouco tempo para o local.
Já o motorista da van que levava a vítima para as aulas foi ignorado pela mulher. Ele enviou mensagens e tentou contato, mas a delegada suspeita que a mãe tinha medo dele ter acesso ao prédio por buscar outras crianças no local e, por isso, não o respondeu.
Motivação:
De acordo com a delegada, a suspeita é que o crime tenha sido premeditado. A Polícia Civil descartou a versão da mulher de que ela teria sido um surto por não ter encontrado indícios de problemas mentais.
Já a defesa da mulher pediu um laudo de insanidade mental para a suspeita.
A polícia também divulgou que a mulher escreveu cartas durante os dias em que permaneceu com os corpos no apartamento com um conteúdo que, para a polícia, são tentativas de justificativa e desculpas.
“São cartas longas. São duas cartas, uma de oito páginas outra de três ou quatro. Mas dizendo ali que até o momento que ela tinha apenas a filha, a vida dela era boa, apesar do pai da filha ser falecido ela ainda conseguia. Mas depois que ela encontrou o pai do menino, tudo se tornou, ela até fala e escreve um palavrão, porque ele era um pai também um palavrão”, disse a delegada.
A delegada também falou que a mulher tinha renda mensal de cerca de R$ 3 mil e recebia pensão do filho mais novo. Por conta disso, a polícia não considera problemas financeiros.
Crimes tipificados:
Até o momento, a mulher deve responder por duplo homicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. A delegada ainda afirmou que, caso seja confirmado que a menina de 10 anos foi mantida viva junto ao cadáver, também podem ser tipificados crimes de tortura e cárcere privado.
Andamento da investigação:
A Polícia Civil tem até o dia 6 de setembro para encerrar o inquérito. A irmã, o pai da criança e a suspeita foram ouvidos. Também devem prestar depoimentos professores, vizinhos e o porteiro. A polícia aguarda laudos de perícia e imagens de monitoramento do prédio.
O apartamento onde aconteceu o crime, conforme a polícia, permanece interditado em caso de necessidade de novas perícias.
Apartamento onde aconteceu o crime em Guarapuava, conforme a polícia, permanece interditado — Foto: Elessandra Amaral/RPC
Uma vez encerrado o inquérito, a denúncia é oferecida ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) que define se será feita denúncia ou não. Depois, cabe à Justiça aceitar e instaurar o processo criminal.
O que falta ser esclarecido:
- Houve participação de outra pessoa?
- A mulher tem problemas psiquiátricos anteriores?