Especialistas afirmam que reincidência de abordagens truculentas de policiais indica necessidade de curso de reciclagem e maior punição na corporação
A três dias de completar um mês do assassinato cometido por um policial militar na Vila Barraginha, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, cenas de agentes de segurança espancando um civil em praça pública chocam internautas. A recorrência em que policiais são apontados como agentes de violência em Minas Gerais preocupa e pode mostrar a necessidade de uma penalização maior para evitar novos casos, segundo especialistas.
“A repetição de casos de uso da força, sem seguir protocolos, em alguns casos de policiais com histórico de reincidência, sinaliza que pode estar havendo uma certa tolerância do alto comando, o que não é condizente com o histórico da PM em Minas Gerais”, diz o especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori.
Para Sapori, o espancamento do casal por policiais em Paineiras, na região Central de Minas Gerais, seria evitável, caso os agentes de segurança tivessem usado técnicas de imobilização ensinadas nos cursos de qualificação para futuros policiais. “Os policiais aprendem técnicas de uso progressivo da força policial. As imagens mostram um espancamento. Ali não há o que se contestar, houve um uso exagerado da força e a nota da Polícia Militar justificando que teria ocorrido resistência na prisão, ao meu ver, mostra um nível de tolerância com a violência empregada. E isso não pode ocorrer para que outros policiais que possuam histórico de mau comportamento não se sintam encorajados a fazer o mesmo”, pontua o especialista.
O advogado e diretor de Inclusão da OAB/MG, William Santos, defende que os militares passem por uma requalificação para evitar novos casos de violência. “Nesse caso, em particular, a corregedoria da PM precisa tomar medidas cabíveis. Mas, a médio e longo prazo, é preciso pensar em um projeto de requalificação dos profissionais. Essa reciclagem seria importante porque não dá para colocar pessoas nas ruas para fazer um trabalho tão importante de segurança em nome do Estado. Se elas representam o Estado, a violência empregada por elas é estatal”, critica.
O governador, Romeu Zema, se pronunciou sobre o caso pedindo que a PM tome as medidas cabíveis.
Santos defende ainda que o projeto de implementação de câmeras em uniformes dos agentes de segurança seja colocado em prática em Minas Gerais, como ocorreu em São Paulo com redução dos índices de violência policial por lá. “Há quase um mês atrás tivemos o episódio na Vila Barraginha, em Contagem, que chocou o Brasil todo. Está em fase de investigações e estamos aguardando que algo seja feito. A situação da segurança em Minas Gerais está preocupante e não basta falarmos só em questão salarial dos policiais. Temos que pensar em aparelhamento”, explica.
A Polícia Militar garante que haverá uma apuração do caso.
*informações O Tempo