Onda de calor no Velho Continente já tirou a vida de milhares de pessoas, cerca de 500 só na Espanha
Uma onda de calor que já deixou cerca de 1,5 mil mortos por toda a Europa, mas com temperaturas registradas com frequência no Brasil. O fenômeno que causa uma sequência de incêndios no Velho Continente é exclusivo de lá ou também acontece no Brasil? Para o meteorologista Heriberto dos Anjos, da GeoClima Soluções Ambientais, a América Latina, apesar de ter umidade maior que o continente mais ao norte, não está excluída da tragédia temporal.
“Mortes por onda de calor extremo podem ocorrer em diversos lugares do planeta. Mas, é bom lembrar que essa época do ano é período de pouca chuva ou período seco nesses países (da Europa). Pela primeira vez, foram previstas temperaturas acima de 40°C e até 46°C em Portugal e na Espanha”, diz Heriberto.
O especialista, porém, lembra que no Brasil também há mortes pelo calor intenso. “No Brasil, a onda de calor mata sim, porém esses dados muitas vezes podem ser prejudicados por conta de não haver um controle rígido desses tipos de mortes”, afirma.
O meteorologista define onda de calor como um período no qual as temperaturas estão cinco graus acima da média histórica daquele intervalo de tempo específico. Além dos impactos para a saúde, ele lembra que há problemas econômicos por conta dos fenômenos.
“Segundo o relatório publicado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a frequência de certos tipos de eventos climáticos extremos está crescendo devido às alterações climáticas globais atribuídas às atividades humanas. No Brasil e em todo o mundo, altas temperaturas, secas e enchentes vêm castigando cidades e campos com fortes impactos sociais e econômicos, especialmente na agropecuária”, afirma.
A também meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), concorda com Heriberto dos Anjos. “A Europa tem as quatro estações do ano bem definidas. Isso é normal em latitudes médias. O anormal deste ano é que as temperaturas estão acima dos 40ºC. Isso já aconteceu outras vezes, no início dos anos 2000, até mesmo na Rússia. Eles têm um verão seco e um inverno úmido. Mas, temperaturas acima dos 40ºC causam problemas em qualquer lugar do mundo, principalmente em países de latitudes médias”, afirma.
Mortes na Europa
A onda de calor quebrou muitos recordes na Europa nesta semana. No Reino Unido, os termômetros chegaram a níveis nunca vistos: 40,2 ºC no aeroporto de Heathrow, no oeste de Londres, e 40,3 °C em Coningsby, um povoado a noroeste da Inglaterra, segundo a agência meteorológica Met Office.
O recorde também foi superado na Escócia, com 34,8 °C, enquanto a França registrou novas temperaturas máximas em mais de sessenta lugares, com mais de 40 graus em algumas cidades.
Na Espanha, o presidente do Governo, Pedro Sánchez, em visita à região de Aragão nesta quarta-feira, alertou a população que “a mudança climática mata”. “Durante esta onda de calor, segundo os registros, mais de 500 pessoas morreram como consequência das altas temperaturas”, informou Sánchez, em referência a uma estimativa da mortalidade realizada por um instituto de saúde pública.
Já na Grécia, meios aéreos começaram a controlar as chamas que se propagavam ao pé do monte Pentélico, ao norte de Atenas.Cerca de 500 bombeiros, 120 veículos e 19 meios aéreos foram empregados para extinguir o fogo que afetou vários subúrbios onde vivem cerca de 90 mil pessoas.
*Com informações da AFP
*Fonte: O Tempo