Funcionária de escola diz que ninguém respeita as regras, que solução é “entregar pra Deus e esperar para ver o que vai acontecer”
O primeiro dia do ano letivo escolar 2022, retomada das aulas presenciais, em Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, foi marcado por reclamações, desrespeito aos protocolos de Saúde para Sars-COV-2 (Covid-19), invasão de unidades escolares, aglomerações e muitos riscos de contágio, como aconteceu no Colégio Municipal “Dr. José Vargas de Souza”, na zona Oeste da cidade.
Lá, uma servidora, por questão de preservação não vamos revelar o nome, relatou que ninguém observava as demarcações que foram feitas no chão, havia muita gritaria, descumprimento de distanciamento social e uma verdadeira aglomeração, pior do que antes da pandemia. “Infelizmente as pessoas não obedecem. Existe uma demarcação na calçada e a gente pede que fiquem distantes, mas, eles preferem ficar aglomerados. Inclusive, dentro da escola, alguns pais subiram sem autorização, aglomeraram lá no pátio em cima da gente, dos funcionários… Sei eu não peguei Covid hoje, foi por Deus. Todo mundo gritando, achando ruim. Os pais não obedecem, como querem que os alunos obedeçam? Os pais passam por cima de regras, de ordens, querem que seja do jeito que eles querem. Com mil alunos na entrada é impossível não ter aglomeração se não respeitam as demarcações e o distanciamento social. Eles não aprenderam a seguir regras. Então, a gente tem que entregar pra Deus e esperar para ver o que vai acontecer”, lamenta.
A falta de policiamento para ajudar na organizar foi outro aspecto ausente nesta retomada das aulas presenciais. “Não vai Guarda Municipal, não vai ninguém para auxiliar, não impedem trecho da rua para diminuir o fluxo. Então, a gente fica por conta de Deus mesmo”, enfatiza.
Pelas redes sociais pipocam postagens relatando o ocorrido em diversos pontos da cidade, como no CAIC, na zona Sul de Poços de Caldas. “Também teve aglomeração no portão. Os pais não puderam entrar na escola e na sala de aula não teve distanciamento nenhum. É muito difícil, eu queria que as aulas continuassem remotas, mas, infelizmente, não temos essa opção. Então, o que posso fazer é pedir para meus filhos que se cuidem”, relatou a mãe de dois alunos do CAIC.
Outra mãe conta, com base nos relatos de seu filho, que estuda na escola “Júlio Bonazzi”, que ele se sentou em uma carteira que fica na frente. “Ele disse que os alunos ficavam abaixando as máscaras, jogando bolas de papel, indo na carteira do outro, encostando uns nos outros. Enfim, disse que está tudo normal”, como se não existisse mais a pandemia.
Também é grande a cobrança feita ao prefeito Sérgio Azevedo, por pais contrários à volta das aulas presenciais, para que o chefe do Executivo adote alguma medida para controlar essa situação. “Mesmo dentro do direito do Pátrio Poder, tivermos que deixar nossos filhos irem (para a escola). Minha filha não pegou Covid, com a graça de Deus, com defasagem educacional, com socialização prejudicada, mas, com saúde perfeita. Sr. Prefeito, espero que continue assim, pois a decisão e responsabilidade é do senhor”, ironizou o pai de uma aluna.
A reportagem do “Alô Poços” enviou mensagem para o secretário Municipal de Comunicação, Paulo Ney, para que nos enviasse a manifestação do prefeito Sérgio Azevedo sobre o assunto, porém, até o encerramento dessa reportagem era mantido o silêncio.
Preocupada com a situação, uma mãe relata, após ir buscar o filho no final da aula, que na escola dele os pais não entraram, contudo, a criança relatou que “os alunos estavam fazendo bolas de papel e jogando uns nos outros”, o que não deve acontecer, conforme previsto nos protocolos tanto da Secretaria Municipal de Educação quanto da Secretaria Municipal de Saúde.
Outro relato feito por mãe de aluno é com relação ao horário do recreio e, conforme preveem os protocolos, os estudantes que quiser pode se alimentar no refeitório ou, então, levar para sala de aula, resguardando todas as medidas de distanciamento, de higiene e de não compartilhamento. “Ele ficou com medo porque disse que os alunos ficam tocando uns nos outros e que na saída não tem ninguém olhando, ficam todos amontoados na porta da escola”, relata.
Procurada pela reportagem, a secretária Municipal de Educação, professora Maria Helena Braga, afirmou estar ciente dos acontecimentos e foi enfática. “Aglomeração na porta das escolas é responsabilidade das famílias. Não há necessidade de acompanhar o aluno até a porta da sala de aula, do portão para dentro da escola tem que cuide deles. No caso do Colégio Municipal, disse hoje para comprar um megafone e, na hora da entrada, anunciar cada turma que deverá se dirigir às salas de aula. Precisamos de conscientização das famílias, de respeito às determinações, feito isso, é fácil evitar aglomerações, há marcações nas calçadas, basta respeitar e seguir”, finalizou.