Focado no trabalho da escrita e trazido para Minas Gerais com o objetivo de fomentar o protagonismo e a autonomia de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, o projeto Super Autor finalizou a sua última etapa com um evento de lançamento dos sete livros produzidos por sete adolescentes que cumpriram ou ainda cumprem medida de internação no Centro Socioeducativo Santa Clara, em Belo Horizonte. O evento foi realizado na sexta-feira (25/11), no Centro de Referência das Juventudes, na capital.
O Super Autor é uma parceria da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e da Associação Mineira de Educação Continuada (Asmec), idealizadora da ação. O projeto foi composto por oficinas de produção de texto e ilustração, realizadas nos meses de junho, julho e agosto deste ano. Durante esse período, cada participante teve a oportunidade de escrever e ilustrar o seu livro autobiográfico, buscando a valorização da sua história de vida, as suas memórias e individualidades.
Diretora de Formação Educacional, Profissional, Esporte, Cultura e Lazer da Suase, Ana Flávia Magalhães comemora os resultados do trabalho realizado com os jovens nos últimos meses. “Os processos ligados à leitura e à escrita aproximam muito os jovens ao lugar de protagonista. Este projeto traz o letramento e ao mesmo tempo uma descoberta de si mesmo, uma escrita de perspectivas de mudanças”, diz.
Um dos adolescentes autores, Paulo Nava*, de 16 anos, conta que, por meio da sua história, quer mostrar para outros jovens o que passou e ainda passa. “Escrever foi um desabafo, pois ninguém sabia da minha história, somente eu e minha mãe. Enquanto escrevia, pensava em outras pessoas lendo sobre a minha vida, e no que poderia servir de exemplo. Quero ajudar as pessoas contando o que passei”, reflete.
Presidente da Asmec, Andrea Ferreira avalia que este foi o projeto mais importante realizado neste ano. “O Santa Clara entrou de cabeça e o resultado é visível na fala dos autores. Eles têm consciência de que estão ressignificando suas vidas”.
Leitura e escrita
Outro foco do projeto foi o fortalecimento da alfabetização e do letramento desses jovens, uma vez que a escrita tem caráter emancipador, promove a construção de novos vocabulários, a elaboração de formas de comunicação e a apropriação linguística. Durante as oficinas os adolescentes foram estimulados a usar a criatividade e as suas capacidades artísticas, fomentando a leitura e a escrita.
“Recomendo que todo mundo tente escrever sua própria história. Foi um sofrimento para mim, mas aprendi demais. Para escrever, tive que parar e voltar os pensamentos para dentro, isso me ajudou”, revela Guilherme Rosa*, de 18 anos.
* Nomes fictícios para preservar as identidades dos adolescentes, conforme recomendação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
**Com informações de Agência Minas