O burnout é um distúrbio psíquico descrito como esgotamento físico e mental do indivíduo. A condição foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde ligado ao trabalho no início de 2022 — agora, especialistas defendem que existe um subtipo da síndrome, conhecido como esgotamento moral, também associado ao ambiente coorporativo.
Sinais comuns de burnout incluem exaustão mental, desengajamento, produtividade reduzida e queda de autoestima. No entanto, o novo tipo de esgotamento estaria ligado aos valores morais da pessoa, principalmente quando ela sente que eles foram desrespeitados no trabalho.
O novo burnout foi descrito em um estudo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, e, por ser recente, ainda não está descrito em manuais de diagnósticos utilizados por psicólogos e psiquiatras.
A psicóloga Bruna Capozzi, do Instituto Meraki, em Brasília, diz que o esgotamento moral acontece quando o indivíduo é exposto, no ambiente de trabalho, a situações que estão desalinhadas com seus valores e crenças.
“A exposição gera desconforto e um sofrimento significativo, podendo impactar nas entregas e na própria permanência na empresa. Assédio, sexismo, racismo e homofobia são exemplos de situações que podem desencadear o esgotamento moral no ambiente corporativo”, explica Bruna.
Sinais do distúrbio
Para ajudar no diagnóstico, alguns sintomas podem ajudar a descobrir se a pessoa sofre de esgotamento moral. Confira:
- Sentir vergonha por alguma situação que tenha acontecido no trabalho;
- Sentir mais cansaço;
- Procrastinar entregas;
- Sentir-se ansioso e com medo ao longo do dia de trabalho;
- Sentir-se preso ao trabalho, com dificuldade de relaxar;
- Sentir-se intruso no trabalho e nas situações vivenciadas lá;
- Sentir-se exausto emocional, mental e fisicamente.
A avaliação de um médico psiquiatra e o acompanhamento psicológico são indispensáveis no cuidado dos pacientes com esses sintomas.
Pedido de demissão
É possível que a pessoa queira deixar o emprego quando acontece uma situação que leva ao esgotamento moral. Nesse caso, antes de tomar qualquer decisão, é preciso avaliar qual vai ser o impacto da demissão na vida familiar e na carreira do indivíduo.
Por isso, se deve buscar ajuda psicológica para compreender os processos que levaram o paciente a desenvolver o distúrbio. É preciso criar estratégias de enfrentamento e entender quais são os valores inegociáveis do indivíduo, discernindo se permitem ou não que ele permaneça na empresa.
Atitudes da empresa
Com intuito de evitar que os funcionários cheguem ao esgotamento moral, a empresa deve ter valores, código de ética e políticas de convivência bem definidas. Além disso, é essencial que ela tenha canais de denúncia para apurar casos de assédio, sexismo, racismo e homofobia, entre outros.
As lideranças também devem estar abertas a receber feedbacks dos funcionários. De acordo com a especialista, a abertura para diálogo melhora o clima organizacional e proporciona um ambiente psicologicamente seguro.