Vizinhos de Anderson, ouvidos pela reportagem, contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja
Anderson Cândido de Melo, de 48 anos, é o homem que foi morto por um delegado da Polícia Civil após uma briga de trânsito, na tarde desta terça-feira (26), no Complexo da Lagoinha, em Belo Horizonte. Vizinhos de Melo, ouvidos pela reportagem, contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja. “Nunca teve nada errado com ele, ele era um homem evangélico que só vivia de luta”, contou uma amiga, que preferiu o anonimato.
Pai de quatro filhos (um menino e três meninas) e amoroso com todos eles, Melo era querido na vizinhança e também na comunidade da igreja. “Foi um choque (a morte) para todos, a pastora e o pastor estão na casa dele. Todos os filhos moravam com ele, a mulher dele está inconsolável”, revela a vizinha. Um amigo dele, que também pediu anonimato, desabafou que nunca havia visto tamanha “covardia”.
“Saracura (como era conhecido Anderson) era um ótimo mecânico, um excelente profissional no ramo de reboque e um amigo sem igual. Ninguém nunca viu Saracura numa mesa de jogo, ou numa mesa de bar. Era serviço e igreja”, detalhou.
Luta por uma vida melhor
O amigo, que também trabalha com reboque, contou que Saracura trabalhava em uma empresa do ramo. Há sete anos, porém, o chefe dele o ajudou a comprar o primeiro caminhão. Depois, ele “cresceu” sozinho.
”Ele trocou o caminhãozinho no Ford grandão. Duvido que ele esbarraria o pára-choque do caminhão em qualquer carro. Você pode conversar com 10, 50 colegas reboqueiros dele, todos te diriam a mesma coisa. Ele tinha mais ciúmes do reboque do que tudo. Era um cara de ouro”, lamenta o amigo.
Para finalizar, o parceiro de profissão e da vida faz questão de lembrar: “Precisei dele (Anderson Cândido de Melo) inúmeras vezes, e ele nunca me faltou. Me socorreu aqui em casa várias vezes, e à noite”, finalizou. Antes de desligar o telefone, o amigo ainda completou que Melo também cuidava da mãe, que já estava debilitada e vivia em outra cidade. Além disso, todos os filhos estudam.
O que diz a Polícia Civil
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que, na tarde de hoje (26/7), na região central de Belo Horizonte, durante um suposto desentendimento de trânsito, um policial civil efetuou disparo de arma de fogo contra motorista de caminhão, que foi socorrido e faleceu no Hospital João XXIII.
O policial civil se apresentou de forma espontânea na delegacia mais próxima, onde a arma de fogo foi recolhida. A Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC) assumiu o caso e está adotando as medidas legais cabíveis. Mais esclarecimentos serão posteriormente repassados à imprensa”.
*Fonte: O Tempo