Em entrevista exclusiva, o presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional fala sobre os projetos para Minas e para o país
Por Tiago Monteiro Tavares – Para inaugurar o espaço de entrevistas do Alô Poços nada melhor do que entrevistar um mineiro que, mesmo em meio a uma pandemia, conquistou uma das cadeiras mais cobiçadas da República, a presidência do Senado Federal e assim, constitucionalmente, a presidência do Congresso Nacional.
Mineiro de Passos, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) vem ganhando espaço em Brasília nas grandes articulações nacionais. Menos de um ano como chefe do Poder Legislativo federal, ele tem trabalhado para apaziguar os ânimos extremistas que assolam o cenário político nacional e passou a ser cotado como uma terceira via na disputa pela Presidência da República.
Em entrevista exclusiva ao Alô Poços, Pacheco defende a democracia e fala dos desafios à frente do Senado Federal. Como bom mineiro, não antecipa a disputa eleitoral que, na data de hoje, acontecerá dentro de 11 meses. O senador também falou sobre o desenvolvimento do estado seus projetos para a região. Confira:
Alô: O senhor passou sua infância em Passos-MG, uma das principais cidades do Sul de Minas. Como ex-deputado federal e atual senador da República por Minas Gerais, como vê as carências e o desenvolvimento das cidades do Sul do Estado?
RP: O sul de Minas, assim como as demais regiões de Minas, têm enorme potencial econômico e nosso estado tem participação ativa na economia do país. Precisamos diversificar a economia de Minas e defender o investimento constante na modernização do nosso parque industrial. Precisamos estimular o crescimento econômico porque o melhor e mais importante programa social é o emprego, que garanta renda às famílias mineiras. No que me cabe, estou sempre atento às demandas e destinando verbas ao estado, com atenção especial à saúde pública, que eu considero de extrema urgência nesse momento de pandemia da Covid-19, além da segurança pública. Cito ainda a defesa do uso múltiplo das águas da represa de Furnas para a geração de renda e emprego aos moradores, produtores e empresários do entorno do lago
Alô: Quais são os principais projetos do senhor para o desenvolvimento de Minas Gerais?
RP: Depois de 44 anos, um mineiro volta a ocupar essa cadeira tão importante para a democracia do nosso país, que é a Presidência do Congresso Nacional. É uma honra muito grande representar nosso Estado à frente da Presidência do Senado, assim como uma responsabilidade imensa, proporcional à importância de Minas Gerais para o Brasil. Esse sempre foi meu norte, devolver Minas ao seu lugar de destaque, no centro do debate político-econômico do país. E, menos de um ano no cargo, já tivemos conquistas importantes, como a inclusão de 81 municípios mineiros na área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o lançamento do edital da concessão das BR-381 e da BR-262, que dará fim à conhecida “Rodovia da Morte”, com captação de investimentos de mais de R$ 7 bilhões. Além da destinação de R$ 2,8 bilhões para o metrô de Belo Horizonte. E cito como grande avanço para Minas a criação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), uma reivindicação antiga dos mineiros para atender exclusivamente a demandas judiciais do estado, que se tornou possível após nossa decisão de colocar o tema para votação no Plenário do Senado. A criação da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) para modernizar as administrações dos clubes de futebol. Outra conquista dos mineiros foi que, pelo segundo ano consecutivo, após uma reivindicação de minha autoria na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), houve o congelamento da tarifa residencial no Estado, proibindo a Cemig de reajustar em 10,56% o valor da conta de energia elétrica.
Alô: O senhor possui algum projeto específico para Poços de Caldas? Como vê o turismo e a agricultura na região?
RP.: Sempre defendi a causa municipalista e, ao assumir a presidência do Senado, não seria diferente. Os municípios, nessa relação federativa com Estado e a União, são penalizados, e essas correções precisam ser feitas em busca do equilíbrio, pois quem sai ganhando é o país. As pessoas não moram nos estados ou na União. Elas moram nas cidades. Portanto, sempre estou sempre atento às demandas dos prefeitos de todas as cidades de Minas Gerais.
Alô: Quais são os maiores desafios à frente do Senado Federal e do Congresso Nacional?
RP.: Nesses tempos de polarização política, o maior desafio é buscar o consenso e a conciliação necessários entre os Poderes para conseguirmos pautar as reformas que o país precisa para voltar a prosperar. Vejo no diálogo e na busca pelos consensos o melhor caminho para darmos as respostas que os brasileiros esperam, fazendo do Congresso um verdadeiro agente de transformação social e um palco de pacificação das instituições.
Alô: Como o senhor avalia o atual momento da democracia brasileira? Ela corre riscos?
RP.: Estaremos atentos a todo movimento que possa retroceder a democracia e o Estado Democrático de Direito no Brasil. Isso deve ser de pronto repelido por todos nós. É sabido que passamos por momentos de divergências extremadas, mas a democracia é inegociável. A democracia é uma realidade, o estado de direito é uma realidade. A sociedade já assimilou esses conceitos e esses valores nacionais, de modo que estaremos sempre todos unidos neste propósito de preservação da democracia no nosso país.
Alô: O senhor é cotado como possível candidato à Presidência da República. Quais qualidades e prioridades devem ter o próximo presidente do Brasil?
RP.: Não me permito falar sobre 2022 neste momento. Nós hoje vivemos um momento de enorme preocupação quanto ao futuro da nossa nação e da nossa gente. Não há dúvida que estamos atravessando um dos momentos mais difíceis da nossa história. Esse último biênio nacional foi marcante. Foi tristemente marcante. Nós temos desafios enormes pela frente que precisam ser enfrentados e solucionados. O enfrentamento da pandemia, o desafio do desenvolvimento social e do crescimento do mercado de trabalho, os desafios na preservação ambiental, os desafios na saúde pública e de uma educação de qualidade, o desafio na produção de energia e agora, também, o desafio do enfrentamento da fome, um flagelo inaceitável que tem castigado parcela significativa dos brasileiros. Quem vier a ocupar a cadeira de líder da nação tem que ter esses desafios como prioridade, assim como guiar o Brasil rumo à pacificação, com respeito à Constituição e compromisso com a construção de um país mais justo e igualitário.
Alô: O senhor mudou de partido, saiu do Democratas e se filiou ao PSD. Essa troca de legenda tem haver com sua candidatura à presidência?
RP: Preciso dizer que me sinto muito honrado em ser cotado para a disputa deste que é o posto mais alto de nossa República. Assim como agradecer a recepção calorosa dos meus novos correligionários que me deixaram muito feliz e convicto de minha decisão. De minha parte, em razão das minhas condições, das minhas limitações próprias como presidente do Senado e do Congresso, volto a afirmar que não é hora de se discutir o processo eleitoral de 2022. Meu compromisso é com a cadeira que ocupo, com o respeito àqueles que me elegeram e com a estabilidade do país. Há problemas muito mais urgentes para superarmos em 2021 e seria leviano falarmos em 2022 com tantos problemas prementes. Quero acreditar que vamos superar a crise sanitária, social e econômica que nos assola, por meio da pacificação que o país necessita.