Estudo mostra que a sexta extinção no planeta está em andamento. No entanto, pela primeira vez, a perturbação não é por eventos naturais
Do portal Metrópoles – A vida no planeta Terra já atravessou cinco grandes eventos de extinção em massa e cientistas estão cada vez mais convencidos de que está em andamento um sexto evento. E a causa do fenômeno é inédita.
Simplificando: as espécies estão na rota da extinção a uma taxa muito maior do que se esperaria naturalmente. Segundo os especialistas, os sinais são claros de que há uma perturbação no sistema. E a perturbação, desta vez, são os seres humanos.
Um estudo liderado pela University of Hawaii, publicado na revista científica Biological Reviews na segunda-feira (10/1), revela que – diferentemente dos outros cinco períodos, causados por eventos naturais – este evento de extinção está sendo exclusivamente provocado pela ação humana.
A pesquisa considerou uma ampla lista de espécies ameaçadas de extinção, incluindo os invertebrados — pouco considerados em outras análises.
Dados históricos
Embora alguns membros da comunidade científica neguem a existência de tal catástrofe, o principal autor do estudo, Robert Cowie, explicou que as altas taxas de extinção e a redução da abundância da biodiversidade estão todas bem documentadas.
A negação da sexta extinção é fundamentada em tendências de encarar a crise apenas considerando espécies de mamíferos e aves. No entanto, de acordo com o estudo, se considerar os invertebrados na conta — os quais constituem a maior parte da biodiversidade —, o cenário é grave.
“Essa negação é baseada em uma avaliação altamente tendenciosa da crise que se concentra em mamíferos e aves e ignora os invertebrados, que obviamente constituem a grande maioria da biodiversidade”.
Através de dados históricos sobre espécies de caracóis e lesmas terrestres, os pesquisadores calculam que, desde 1500, o planeta já tenha perdido de 7,5% a 13% das 2 milhões de espécies conhecidas até hoje — o equivalente de 150.000 a 260.000 de organismos.
Usando dados históricos sobre espécies de caracóis e lesmas terrestres, os pesquisadores calculam que, desde 1.500, o planeta já tenha perdido de 7,5% a 13% das 2 milhões de espécies conhecidas até hoje — o equivalente de 150 mil a 260 mil organismos.
A situação não é a mesma em todos os lugares, no entanto. Embora as espécies marinhas enfrentem ameaças significativas, não há evidências de que a crise esteja afetando os oceanos na mesma medida que a terra.
Em terra, espécies insulares, como as das ilhas havaianas, são muito mais afetadas do que as espécies continentais. E a taxa de extinção das plantas parece menor do que a dos animais terrestres.
Negacionismo científico
Os estudiosos alegam que muitas pessoas negam a sexta extinção, por considerá-la uma trajetória evolutiva nova e natural, tendo os seres humanos apenas como mais uma espécie desempenhando seu papel natural na história da Terra.
Muitos até consideram que a biodiversidade deve ser manipulada para benefício da humanidade. “Mas benefício definido por quem?”, questiona o estudo.
Robert Cowie destaca que os seres humanos são a única espécie capaz de manipular a biosfera em larga escala. “Não somos apenas mais uma espécie evoluindo diante de influências externas. Em contraste, somos a única espécie que tem uma escolha consciente em relação ao nosso futuro e à biodiversidade da Terra”
“Negar a crise, aceitá-la sem reagir, ou mesmo incentivá-la, constitui uma revogação da responsabilidade comum da humanidade e abre caminho para que a Terra continue em sua triste trajetória em direção à Sexta Extinção em Massa”, concluiu.
As causas das 6 extinções
1. Período Ordoviciano-Siluriano
440 milhões de anos (aproximadamente)
Possíveis causas: mudança climática severa que alterou a temperatura e o nível do mar, atividade vulcânica extensa, glaciação (período de fio intenso), causando perda de habitat e destruindo a cadeia alimentar de muitas espécies.
Espécies extintas: 60% a 70% das espécies
2. Período Devoniano Superior
360 milhões de anos (aproximadamente)
Possíveis causas: desconhecidas. Mudanças climáticas intensas e falta de oxigenação nos oceanos por conta de erupções vulcânicas foram detectadas. Há indícios de impacto de um asteroide, mas a teoria não é consenso entre cientistas.
Espécies extintas: 70% a 75% das espécies
3. Período Permiano-Triássico (a grande morte)
252 milhões de anos (aproximadamente)
Possíveis causas: impacto de asteroide, vulcanismo intenso que provocou efeito estufa acelerado pela liberação de dióxido de carbono na atmosfera e metano do fundo do mar, provocando a falta de oxigênio nos oceanos. Foi o maior evento de extinção em massa da história da Terra. O nível do mar aumentou e chuva ácida caiu sobre a Terra.
Espécies extintas: 96% da vida marinha e 70% da terrestre
4. Período do Triássico-Jurássico
200 milhões de anos (aproximadamente)
Possíveis causas: cientistas acreditam em atividade vulcânica massiva onde hoje está o Oceano Atlântico, aumentando emissão de dióxido de carbono que engatilhou mudanças climáticas, liberando metado preso no permafrost, o solo congelado encontrado na região do Ártico.
Espécies extintas: 80% das espécies
5. Período Cretáceo-Paleogeno
66 milhões de anos (aproximadamente)
Possíveis causas: diferente dos outros períodos, neste evento a causa foi um agente externo, um asteroide com mais de 13 quilômetros de largura que mergulhou na Terra a 72 mil quilômetros por hora. A cratera de 180 quilômetros de largura e 19 quilômetros de profundidade hoje é a Península do Iucatã, no México. Muitas espécies que podiam voar, cavar ou mergulhar fundo nos oceanos sobreviveram.
Espécies extintas: 75% das espécies
6. Período Quartenário
Em andamento
Possíveis causas: seres humanos.