Dezembro é conhecido como um mês festivo, quando as cidades de todo o mundo são iluminadas e as confraternizações garantem reencontros de amigos e familiares de longa data. Mas não é assim para todos. Para algumas pessoas, este pode ser um período emocionalmente difícil, que pode despertar a Síndrome do Fim do Ano.
Também conhecido como “dezembrite”, o conceito foi criado há 40 anos, quando pesquisadores da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, estudaram a piora dos transtornos mentais nessa época.
O médico psiquiatra Ariel Lipman, diretor da clínica SIG Residência Terapêutica, explica que a necessidade socialmente imposta de se sentir feliz nesta época do ano pode ser um gatilho para algumas pessoas. Além disso, os tradicionais reencontros familiares nas festas de Natal e Réveillon podem ser estressantes ou entristecedores por diferentes motivos.
“Isso pode acontecer pela má relação com parentes ou pela perda de algum ente querido, que não está mais presente na data, por exemplo”, afirma Lipman.
Positividade tóxica
A necessidade de se sentir feliz e grato no fim do ano pode ter um efeito contrário, e causar quadros de ansiedade. Quem não compartilha desse espírito de comemoração pode se sentir desconectado dos demais ou como se tivesse algo de errado com ele.
“É preciso entender que não é um dever comemorar ou estar bem no fim do ano. Cada pessoa é única e está tudo bem não compartilhar das festividades alheias”, esclarece o psiquiatra.
Não realização de metas
A ansiedade também pode ser desencadeada pelas famosas listas de metas, cheias de itens que não foram cumpridos a tempo no ano que termina, e com os que entram para a lista do novo ano.
“Quando pensamos em festa de final de ano, estamos pensando também em um ciclo que se encerra, ou seja, é normal ficar ansioso pelas promessas do ano que está chegando e até triste por não ter conseguido cumprir tudo o que queria no ano que está acabando”, afirma Lipman.
Sensação de solidão
Para algumas pessoas, os próximos dias podem ser marcados pelo aumento da sensação de solidão, especialmente para quem vive sozinho e não tem contato com familiares. O psiquiatra explica que mesmo os indivíduos confortáveis com a própria companhia relatam se sentir mais deprimidos durante o período festivo.
Mas o sentimento também pode ser aflorado entre aqueles que convivem com a família. Apesar da proximidade física, eles podem sentir-se emocionalmente distantes dos demais.
“O sentimento de solidão não é incomum no final do ano e, ao contrário do que as pessoas possam pensar, não se sente assim só quem vive sozinho ou não tem familiares. Indivíduos com famílias aparentemente bem estruturadas também podem ser atingidos por essa sensação”, explica o psiquiatra.
Saudades dos que partiram
As tradicionais festas de final de ano podem ganhar um tom mais triste e melancólico depois da perda de entes queridos. A saudade aperta ao reviver o luto.
“A situação certamente será ainda pior quando é o primeiro Natal ou virada de ano em que uma pessoa passa sem alguém querido que já morreu, o que é natural”, comenta o médico.
*Com informações do portal Metrópoles