Por
Tales Faria – chefe da sucursal de Brasília do UOL
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, desconfia de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, esteja por trás da operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã de ontem, sexta-feira, 11, contra deputados federais do partido. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e em empresas ligadas aos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). A polícia chegou a pedir buscas nos gabinetes dos deputados na Câmara, mas o STF indeferiu.
Bolsonaro filiou-se ao PL no final de novembro, após ficar dois anos sem filiação. O presidente tentou negociar com vários pequenos partidos para que aceitassem lhe entregar o comando da legenda. Não tendo conseguido, acabou entrando no PL para concorrer à reeleição. Mas Valdemar Costa Neto manteve o controle dos diretórios.
Com abertura de uma janela para troca de partidos pelos políticos neste mês de março, sem risco de punição pela Justiça Eleitoral, passou a haver entre os políticos uma expectativa de revoada de parlamentares bolsonaristas para o PL. Por causa dessa revoada, já havia desconfianças de que o grupo tentaria tomar a legenda de seu atual comando. Agora, com a operação da PF, Valdemar e seu grupo passaram a acreditar que o próprio Bolsonaro está à frente da operação. A mesma desconfiança foi deflagrada no PTB, partido sob o comando do ex-deputado Roberto Jefferson ao qual Bolsonaro quase se filiou. Preso, o petebista passou a Presidência interina da legenda a uma pupila que considerava de sua confiança, Graciela Nienov. Mas Jefferson descobriu que ela estava tentando se apoderar definitivamente da legenda. O petebista não quer abrir guerra com o Planalto, por isso não protestou publicamente, mas apurou que Graciela estaria recebendo apoio jurídico de pessoas ligadas ao presidente da República. Agora a guerra é no PL. O grupo de Valdemar pretende esperar o fim da janela partidária, pois a filiação de novos deputados aumenta a parte que caberá ao PL no Fundo Partidário. Mas, fechada a janela, a ideia é reagir para evitar a todo custo a tomada do comando pelos bolsonaristas.