Caetano apontou para a importância da preservação do meio ambiente no próprio estado onde Pacheco foi eleito, Minas Gerais
Artistas e entidades conduziram inédito “Ato Pela Terra”, uma manifestação na porta do Congresso Nacional em prol de um maior esforço dos poderes da República – e em especial do Legislativo – com a pauta ambiental, na última quarta-feira, 09. Aliando manifestação a shows de cantores como Caetano Veloso, Emicida, Seu Jorge e Natiruts, a expectativa dos manifestantes foi pressionar o parlamento contra projetos considerados nocivos ao meio ambiente.
Na presença do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o músico baiano, um dos ícones da música brasileira, manifestou suas preocupações sobre a forma com que o Congresso Nacional está tratando a pauta ambiental nos últimos anos, e destacou o impacto que esses projetos podem provocar sobre o meio ambiente no Brasil.
“O desmatamento na Amazônia saiu do controle. A violência contra indígenas e outros povos tradicionais aumentou. (…) Uma série de projetos de lei ora em pauta no Congresso Nacional podem tornar a situação ainda mais grave. Se aprovadas, podem permitir o desmatamento, [permitir] o garimpo em terras indígenas e desproteger a floresta contra a grilagem”, alertou Caetano Veloso, que afirma ter sido escolhido como porta-voz do ato por ser o organizador mais velho.
O discurso foi feito em paralelo a uma manifestação em que ativistas ambientais e artistas reunidos em frente ao Congresso exigiam a rejeição de projetos de lei governistas que comprometam o meio ambiente.
Caetano também apontou para a importância da preservação do meio ambiente no próprio estado onde Pacheco foi eleito. “O simples fato de o senhor nos receber aqui é um sinal de sua própria preocupação com essa agenda (…) E nós dois temos motivos de sobra para estarmos preocupados com o meio ambiente. (…) Como mineiro, o senhor sabe bem o sofrimento humano provocado por desastres ambientais, não esqueçamos de Mariana e Brumadinho”, disse referindo-se às duas cidades que sofreram com o rompimento de barragens em áreas de mineração.
O músico também relembrou as recentes enchentes no litoral do Nordeste e em Petrópolis, alertando que “nada disso é um retrato de um futuro próximo”, mas sim uma realidade no Brasil e no mundo. Segundo sua esposa, Paula Lavigne, a escolha de recorrer a Pacheco no ato não veio por acaso: o movimento considera que falta preocupação com o meio ambiente na Presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). “Infelizmente, é uma ferida que precisamos tocar”, afirmou.
Pressão nas Ruas
Após a reunião no Salão Negro, parte dos artistas partiu para a manifestação em frente ao Congresso Nacional. Muitos deles subiram ao carro de som, onde juntaram esforços com os líderes de movimentos sociais para protestar contra os projetos no legislativo que possam trazer resultado nocivo ao meio ambiente.
Entre eles, estava a apresentadora culinária Bela Gil, que apontou para a preferência no poder legislativo em projetos de lei que beneficiem o setor do agronegócio, enquanto que este não é o responsável pelo fornecimento de alimentos no mercado interno. “Estou aqui para que a gente possa frear esses projetos de lei, o pacote da destruição. Mas quem leva a comida ao nosso prato são em sua maioria mulheres que plantam sem veneno”, declarou.
Outra artista que subiu ao carro de som para somar com os demais ativistas foi a atriz Leona Cavalli, que apontou para o fato da defesa do meio ambiente não ser apenas uma pauta local. “Estamos em um momento que todo mundo sabe que é um ponto de virada fundamental. (…) Ainda é possível que a gente consiga barrar esse pacote tenebroso de medidas que violentam a nossa estrutura enquanto humanidade, o nosso planeta, os nossos animais, nossos indígenas, a Amazônia e tudo que há de mais precioso para a humanidade”.
Após os discursos, o ato deu lugar a uma série de shows musicais, onde artistas exibiram músicas com a proteção do meio ambiente como tema.
*informações Congresso em Foco