A Copasa, em parceria com a Cemig e a empresa TreeCompost, lançou neste mês, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a primeira unidade de pesquisa para produção de fertilizante orgânico composto classe B a partir do lodo gerado nas estações de tratamento de esgoto (ETEs) misturado com o material remanescente de podas vegetais. A iniciativa é resultado do acordo de parceria para Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I) assinado entre a Copasa e a TreeCompost em junho deste ano.
O projeto-piloto, o primeiro da Copasa para utilização de lodo desidratado de ETE para este fim, foi inspirado na experiência da cidade de Saga, no Japão, trazida pelo corpo técnico da companhia após participação de missão promovida pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
A diretora de Desenvolvimento Tecnológico, Meio Ambiente e Empreendimentos (DTE), Márcia Fragoso, e o gestor ambiental da TreeCompost, Ubiratan Nogueira, assinaram a ordem de serviço de parceria e cooperação. “Quem não tem uma agenda de sustentabilidade, voltada para o desenvolvimento de programas ambientais, não tem futuro”, afirmou a diretora. “Estamos, por meio desse projeto bioquímico, provendo o ciclo da vida e gerando desenvolvimento sustentável, que trará muitos ganhos ao meio ambiente”, ressaltou Nogueira.
O processo de transformação do lodo em fertilizante – compostagem ou compost barn – começa com a colocação de gado sobre um leito de matéria orgânica, com adição de matéria verde e parte lenhosa e fibrosa das podas de árvores. São formadas leiras com o material retirado do curral que, após um determinado período de compostagem e mistura com o lodo dos esgotos higienizado, se transformará em fertilizante orgânico composto classe B, que será devidamente licenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O projeto inicial prevê a utilização de 110 toneladas de lodo de ETE e a produção final de 220 toneladas de fertilizante orgânico, e será desenvolvido inicialmente em Esmeraldas, mas poderá ser expandido para todo o estado, já que a Copasa opera mais de 200 ETEs que geram, somente na RMBH, cerca de 7 mil toneladas de lodo.
“Do ponto de vista da sustentabilidade, a transformação do lodo de esgoto em fertilizante orgânico se alinha à Agenda ESG da Copasa (práticas ambientais, sociais e de governança corporativa). Ao deixar de enviar o lodo de esgoto para os aterros sanitários, o projeto visa minimizar os impactos ambientais causados pela emissão dos gases de efeito estufa e contribui para a economia circular. No futuro, o projeto poderá gerar um produto comercializável para a companhia”, afirmou a engenheira sanitarista Frieda Keifer, da Unidade de Serviço de Controle Operacional, Padronização e Qualidade (USPQ) da Copasa.
O fertilizante orgânico será testado, experimentalmente, em culturas de milho e feijão para verificar desempenho em relação ao crescimento da planta. Todas as medições serão acompanhadas com ensaios científicos em laboratórios devidamente credenciados e certificados.
O projeto apresenta expectativas importantes de retorno em função da alta no preço do potássio, principal insumo usado como fertilizante na agricultura e que teve seu preço triplicado nos últimos meses em função da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Além do retorno financeiro, a Copasa estima que a produção de fertilizante a partir do lodo das ETEs poderá gerar emprego e renda em todo o estado de Minas Gerais, contribuir para o aumento da vida útil dos aterros sanitários, reduzir o custo no transporte de lodo das ETEs até os aterros e promover, de forma especial, a neutralização do carbono existente no lodo dos esgotos, fechando seu ciclo e contribuindo, portanto, para a redução da emissão dos gases de efeito estufa associados.
O evento contou também com as apresentações da engenheira sanitarista Frieda Keifer, da engenheira química Eliane Wolf; do gerente de Gestão Ambiental, Rafael Fiorine, e do técnico de Meio Ambiente Igor Messias (ambos da Cemig). Também esteve presente o secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Esmeraldas, Getúlio Edmundo.
*Com informações de Agência Minas