A utilização da aeronave pelo iFood foi autorizado pela Anac e está em operação desde janeiro de 2022
O céu é o limite para a equipe de inovação do iFood que, desde janeiro de 2022, tem operado com o apoio de drones no delivery na região de Barra dos Coqueiros, em Aracaju, capital de Sergipe. Com a alternativa, os pedidos que normalmente demorariam em torno de 25 a 55 minutos para chegar na casa do cliente, agora levam cerca de 15 minutos — sendo que o trecho pelo ar dura em média 5 minutos.
A solução tecnológica ocorre em parceria com a fabricante Speedbird Aero — a primeira empresa a receber autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar com entregas comerciais utilizando drone no país. Com isso, o iFood se tornou pioneiro nos deliveries com trajeto aéreo.
Para a foodtech, a aquisição do drone trouxe uma maior eficiência de operação e logística. Em muitos casos, o trajeto de entrega dos pedidos é longo e o entregador tem que andar por 10 quilômetros para chegar ao destino, pois precisa passar por uma rodovia ou por ter um retorno longe. Com o drone, o caminho é encurtado e viabiliza o atendimento em regiões mais afastadas.
Logística
No entanto, o drone não faz o trajeto inteiro da entrega, apenas parte da rota, e os entregadores fazem a parte final até o local de destino. Os pedidos também passam por uma triagem. De acordo com as exigências da Anac, é necessário ter um peso máximo de 2,5 kg. Por isso, os restaurantes parceiros verificam se a refeição se encaixa nas especificações permitidas e se a embalagem está dentro das dimensões compatíveis com a caixa de transporte da aeronave.
O pedido então é levado para uma área especial autorizada para pouso e decolagem de drones, o “droneport”. O espaço foi posicionado em um local estratégico, próximo aos estabelecimentos que atendem por esse meio. Todo o trajeto aéreo é monitorado pela equipe da Speedbird.
As rotas são pré-estabelecidas e o drone faz o caminho em um voo automatizado até o outro ponto de droneport em Barra dos Coqueiros. Após a aterrissagem, um entregador assume a entrega em um modal por meio terrestre. O iFood já realizou mais de 500 entregas com a utilização de drones, em Aracaju.
Do teste à realidade
O desejo de operar com drones começou em 2019. Na época, havia uma tendência mundial pela utilização da aeronave para o delivery. Ao perceber esse movimento, o iFood iniciou a busca por empresas fornecedoras que pudessem viabilizar a ideia. Em junho daquele mesmo ano, a foodtech firmou parceria com a Speedbird.
Porém, apenas em 2020 os testes iniciaram de fato com a liberação do primeiro Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) para voos experimentais no Shopping Iguatemi, em Campinas (SP). Foram mais de 300 entregas feitas nessa fase, envolvendo cerca de 20 restaurantes parceiros da região.
A rota definida ligava o terraço do shopping até um ponto de entrega do iFood. Uma distância de aproximadamente 400 metros. Com o sucesso na primeira etapa de testes, a foodtech iniciou o processo de pesquisa e mapeamento das regiões do Brasil que poderiam se beneficiar com a aeronave. Depois do estudo feito, a empresa escolheu o trecho entre o Shopping RioMar Aracaju e a Barra dos Coqueiros.
Um trajeto que se fosse feito via terrestre enfrentaria um grande congestionamento nos horários de fluxo, pois há uma única ponte que liga as duas regiões. Com a utilização do drone, uma rota foi definida encurtando o caminho. A aeronave percorreu 2,8 quilômetros sobrevoando o rio Sergipe para chegar ao droneport, por via terrestre a distância é de 17,7km. Os testes começaram em setembro de 2021 e, atualmente, o percurso é feito de forma regular e autorizado pela Anac.
Para a empresa, a aquisição dos drones é um grande avanço tanto na parte de melhorar o fluxo de atendimento aos clientes — permitir acesso a regiões mais distantes —, como também na utilização de um modal que contribui com a redução de CO2. A expectativa da empresa é ampliar essa oferta para outras regiões, no entanto ainda não tem uma data definida para o início em outras cidades.
Robôs
Dentro do universo tecnológico e futurista, o iFood também tem apostado na inteligência artificial de robôs para facilitar o transporte dos pedidos em grandes shoppings, centros comerciais e condomínios. Nas operações da foodtech o equipamento atua na primeira e na última etapa da entrega.
Na primeira etapa, o robô é responsável por retirar os pedidos nos restaurantes na praça de alimentação ou de grandes centros comerciais e levar até o ponto de apoio, onde os entregadores estão aguardando a comida para levar até o cliente. Já na última entrega, o equipamento termina o trajeto dentro de condomínios até o destino final.
Para evitar bater em algum obstáculo ou pessoas, a robô tem sensores e mais de dez câmeras — com diferentes características — que auxiliam na tomada de decisão da inteligência artificial. Dessa forma, a robô consegue desviar de qualquer um sem qualquer tipo de problema.
O equipamento foi programado para circular tanto em ambientes fechados quanto abertos, a inteligência artificial consegue diferenciar o que é calçada, rua, ciclovia, grama ou árvore e traçar um caminho mais adequado até o ponto de entrega.
A robô ADA é fruto de uma parceria entre o iFood e a Synkar, empresa nacional especializada em inteligência artificial. Uma robô inteligente que foi criada para facilitar as operações da foodtech. Atualmente, o equipamento está operando na última etapa de entrega no Condomínio Bella Città, em Ribeirão Preto.
*Fonte: Metrópoles