33 casos foram identificados na França, dois no Brasil, oito na Dinamarca, um na Alemanha, um nos Países Baixos e dois nos Estados Unidos
Na manhã de ontem, terça-feira, 15, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou a existência de dois casos da nova variante do coronavírus no Brasil, a Deltacron. Os casos foram identificados no Amapá e no Pará.
A nova cepa combina características genéticas da Ômicron e da Delta e vem sendo monitorada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o início do mês, quando os primeiros casos foram identificados na França.
Em seu perfil no Twitter, a cientista-chefe da organização, Soumya Swaminathan, afirmou que “sabe que eventos recombinantes podem ocorrer, em humanos ou animais, com múltiplas variantes circulantes de SARSCoV2”, mas que “é importante esperar por experimentos para determinar as propriedades desse vírus”.
Confira o que se sabe até agora sobre a nova variante.
Identificação
Segundo o The New York Times, o cientista Scott Nguyen, de Washington, nos Estados Unidos, estava de olho em uma base de dados sobre os genomas do coronavírus, a GISAID, quando reparou que algo não estava se encaixando.
O jornal cita que o cientista “encontrou amostras coletadas na França em janeiro, que pesquisadores identificaram como uma mistura entre as variantes Delta e Ômicron”, mostrando que “em casos raros, as pessoas podem ser infectadas com duas variantes da Covid ao mesmo tempo”.
Nguyen, no entanto, disse que essa teoria não estava correta, mas que, na verdade, se tratava de uma combinação de genes de ambas as variantes que formaram uma terceira.
Um estudo ainda não revisado por pares, publicado em 08 de março no site médico medRxiv e feito pelo IHU Méditerranée Infection, na França, afirma que a variante híbrida surgiu em um processo de recombinação.
Isso significa que as duas variantes da covid-19 podem ter infectado um paciente simultaneamente e, no organismo da pessoa infectada, fizeram uma troca de material genético.
Perigo
A OMS ainda não identificou a Deltacron como uma variante de preocupação e, segundo cientistas, ainda não é o momento para entrar em pânico.
Ao NYTimes, o cientista Simon-Loriere afirmou que “a recombinação é extremamente rara e, até o momento, não mostrou crescimento exponencial”.
Segundo Loriere, a variante mista não deve representar uma nova fase da pandemia, visto que sua espícula (a proteína principal do vírus) vem “quase totalmente da Ômicron”, enquanto o restante do “corpo” da variante vem da Delta.
“A superfície dos vírus é supersemelhante ao Ômicron, então o corpo o reconhecerá tão bem quanto o Ômicron”, disse ele ao jornal norte-americano.
Vale lembrar que estudos apontam que a Ômicron é 75% menos letal do que a Delta.
“Como houve tão poucos casos confirmados, é muito cedo para saber se as infecções por Deltacron serão muito transmissíveis ou causarão doenças graves”, disse Philippe Colson, da IHU Mediterranee Infection, principal autor da pesquisa divulgada no medRxiv, segundo a agência de notícias Reuters.
Localização
Além de 33 casos na França e dois no Brasil, foram identificados oito casos na Dinamarca, um na Alemanha e um nos Países Baixos. A Reuters também afirma que dois casos também foram encontrados nos Estados Unidos.
Vírus Recombinantes
Segundo Colson, da IHU Mediterranee Infection, uma célula hospedeira pode ser infectada por duas variantes em simultâneo.
Como, por exemplo, se uma pessoa pega um metrô lotado e tem proximidade a mais cepas do vírus, ela pode ser infectada por elas ao mesmo tempo.
“Durante a pandemia de SARS-CoV-2, duas ou mais variantes co-circularam durante os mesmos períodos de tempo e nas mesmas áreas geográficas… Isso criou oportunidades de recombinação entre essas duas variantes”, disse ele à Reuters, acrescentando ainda que “sua equipe projetou um teste de PCR que pode testar rapidamente amostras positivas para a presença do vírus”.
A ciência aponta, no entanto, que vírus que passam por maiores mudanças genéticas tendem a não se “dar tão bem” quanto seus antecessores.
Nome
Seu nome ainda não foi decidido pela comunidade científica, que se refere ao vírus por AY.4/BA.1 recombinante.
*Money Times com informações de Agência Brasil