Material industrial e aplicação em local insalubre pode ter causado a morte de duas pessoas, segundo apurou a Polícia Civil; confira o vídeo da casa onde eram feitos os procedimentos
A Policia Civil de Minas Gerais prendeu uma mulher trans, de 38 anos, e uma mulher de 22 anos, suspeitas de aplicarem silicone industrial em uma casa no bairro Coqueiros, na região Noroeste de Belo Horizonte. Elas cobravam de R$ 2 mil a R$ 3 mil das pacientes para a aplicação.
Segundo as investigações, a dupla é apontada como responsável pela morte de duas pessoas: uma travesti e uma mulher trans que faleceram em abril e junho deste ano. Ambas as vítimas desenvolveram complicação após o procedimento estético, uma vez que o material é altamente tóxico.
Conforme o delegado Hugo Arruda da 2ª Delegacia de Homicídios do Barreiro, elas faziam a prática de maneira reiterada.
“Inclusive tinham uma agenda cheia, porque a vítima teve dificuldade de marcar o procedimento. Nenhuma das duas tem qualquer especialidade, curso ou formação biomédica. Inclusive, o ambiente é totalmente insalubre: não tem ventilação, é cheio de mofo. A polícia entende que elas agiram com dolo, cientes que poderiam produzir o resultado morte e, deliberaram, mesmo assim, proceder a cirurgia e, aplicar o material expressamente proibido, nas vitimas”, explica o delegado.
Confira o vídeo do local onde eram realizados os procedimentos:
O silicone industrial é contraindicado pelo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Esse material é destinado a limpeza de aviação, veículo, vedação em geral, construção civil”, diz o delegado.
PERFIL
A mulher de 38 anos que foi presa é apontada como cabeça do esquema. Dona de uma extensa ficha criminal, ela tinha como público-alvo travestis e transsexuais que buscavam pelo procedimento estético por um preço abaixo do mercado, segundo o delegado.
“Ela pratica de forma reiterada essa prática de aplicação de silicone industrial visando, principalmente, esse público transexual, trans feminino. Ela tem passagens por exploração sexual de menores, homicídio, ameaça, lesão corporal e, também, por chefiar um ponto de prostituição em Contagem, onde cobrava R$30.”, diz Hugo Arruda.
Assistente dela, a mulher de 22 anos está presa provisoriamente. A Polícia Civil cumpriu o mandado de busca e apreensão no dia 15 de junho. No local, eles apreenderam 60 seringas que eram usadas para aplicar o pré-anestésico.
VÍTIMAS
Uma das vítimas que morreu era uma travesti de 36 anos que realizou o procedimento duas vezes. Em março, colocou 4 litros nas nádegas e, semanas depois, no dia 7 de abril, voltou ao local para colocar mais dois litros. Ela teve complicações, passou mal, o Samu foi acionado e ela veio a óbito no mesmo dia.
Para tentar despistar os policiais, a mulher relatou que a vítima não era uma cliente, mas estava apenas se recuperando na casa de um procedimento que ela fez no Estado de Goiás. Por dar uma informação falsa no Boletim de Ocorrência, a suspeita vai responder também por falsidade ideológica. “Elas vão responder por homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e por falsidade ideológica”, informou Arruda.
*Fonte: O Tempo