O presidente Jair Bolsonaro (PL) se confundiu e disse, nessa quarta-feira (27), que “temos um chefe do Executivo que mente”, ignorando que ele mesmo ocupa esse cargo no governo federal. A declaração foi dada em evento de apoio a Daniel Silveira (PTB), a quem Bolsonaro concedeu perdão político apesar da ligação do deputado federal com atos antidemocráticos.
No evento chamado “Ato pela Liberdade de Expressão”, Jair Bolsonaro destilou ataques ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso. O mandatário o acusa de mentir ao dizer que o inquérito da Polícia Federal, divulgado por ele na íntegra nas redes sociais em agosto do ano passado, era sigiloso.
“Mente o ministro Barroso quando diz que é sigiloso. Mente! Uma vergonha. Para as Forças Armadas, se um militar mente, acabou a carreira dele. O cabo não sai sargento, o subtenente não sai tenente, o coronel não sai general. Não tem prescrição pra isso. E temos um chefe do Executivo que mente”, disparou o chefe do Executivo.
Entenda
Bolsonaro se refere à investigação sobre um ataque ao sistema interno do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2018. Em live nas redes sociais, em 2021, o líder de governo levantou suspeitas sobre o funcionamento do sistema eleitoral no Brasil e divulgou informações confidenciais, citando o inquérito em questão. No dia seguinte, publicou um link com a íntegra da investigação.
Em fevereiro deste ano, Barroso criticou Bolsonaro por ter vazado o inquérito. Ele acusou o mandatário de ajudar a divulgar dados que facilitariam a invasão a equipamentos relativos ao Tribunal Superior Eleitoral. “Informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir os nossos equipamentos”, disse o ministro, à época.
O ministro disse ainda que o STF precisou tomar providências para reforçar a segurança cibernética. “Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos. Sempre lembrando: a maior segurança das urnas eletrônicas brasileiras é que elas nunca entram em rede”, finalizou Barroso.
‘Chefe supremo’ das Forças Armadas
Durante evento, o mandatário também mencionou que Barroso, como presidente do TSE, convidou as Forças Armadas para fazer parte de comissão de transparência eleitoral. “Agora, eles convidaram as Forças Armadas a participar do processo. Será que ele se esqueceu de que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro? Acho que ele se esqueceu disso”, alfinetou o presidente.
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal concluiu que houve crime de violação de sigilo funcional por parte de Jair Bolsonaro, mas ele não foi indiciado por conta do foro privilegiado. Moraes ordenou que o presidente prestasse depoimento no dia 28 de janeiro sobre o vazamento do inquérito, mas ele não compareceu à Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
*Fonte: BHAZ