Encantadora, Poços de Caldas é uma estância hidrotermal e uma das melhores cidades para se viver do país, com Índice de Desenvolvimento Humano de 0,779, o 6º melhor de Minas Gerais. No ranking sobre qualidade do atendimento do SUS nos municípios do estado, de 2019, Poços de Caldas ficou com o primeiro lugar, à frente da capital do estado, Belo Horizonte.
Também se destacou como uma das cidades mais seguras para os jovens brasileiros, em estudo da União das Nações Unidas para Educação (Unesco). Além disso, apresenta baixos índices de desemprego, conta com diversas empresas multinacionais e possui localização privilegiada, no Sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo, o que facilita o escoamento da produção agrícola e industrial.
Localizada a 1.186 metros de altitude e com temperatura média de 17º C ao longo do ano, a cidade possui economia baseada nas atividades agrícola, da indústria e do turismo, motivado pela fama de suas fontes de águas terapêuticas.
Na década de 1930, Poços de Caldas viveu seu auge turístico, quando predominava a fama da “cidade dos cassinos” e das “águas milagrosas”, o que atraía a elite brasileira para a pequena cidade.
Hoje, com cerca de 166.085 habitantes, a cidade se reestrutura para manter-se como destino turístico e consolidar-se como novo polo de desenvolvimento econômico sustentável.
História
Em 1819, a descoberta de poços de águas termais com propriedades medicinais levaram a formação de uma povoado voltado para a cura. A cidade encontra-se em uma caldeira vulcânica, cercada pela Serra de São Domingos.
Na mesma data, ocorreu a doação da sesmaria, na freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio de Caldas, concedida pelo Governador da Capitania de Minas Gerais, ao Major Joaquim Bernardes da Costa Junqueira. Em 1865, junto à fonte Pedro Botelho, foi construído o primeiro balneário digno desse nome, com banheiros de primeira classe e duchas de água sulfurosa.
Posteriormente, a sesmaria foi aumentada em 40 alqueires, na data 6 de novembro de 1872, registrando o dia do aniversário da cidade. O primeiro estudo para a implantação da futura Poços de Caldas se deu na segunda metade do século XIX, quando a região já era conhecida pelas fontes sulfurosas e pelo afluxo de pessoas que a ela se dirigiam com o objetivo de tratar de moléstias da pele. De acordo com MEGALE (2002), o distrito de Poços de Caldas foi denominado Nossa Senhora da Saúde das Águas de Caldas e em 1879 se desmembrou da paróquia de São José dos Botelhos e foi elevado à categoria de freguesia pertencente ao município de Caldas.
A inauguração do ramal da Ferrovia Mogiana de Estradas de Ferro por D. Pedro II, em 1886, foi um marco para o desenvolvimento urbano. O imperador se hospedou no Hotel da Empreza, localizado junto ao primeiro balneário, que oferecia diversão nas mesas de jogos provocando o adensamento do fluxo de turistas e a abertura dos cassinos.
Segundo MARRAS,2004, Sob influência da atividade turística, Poços de Caldas evoluiu mais rapidamente do que os municípios agrários do entorno, lançando as bases para a polarização de funções no contexto regional.
Em 1891, foi estabelecida a nova divisão judiciária do Estado de Minas Gerais, a trigésima segunda tabela das Comarcas era de Caldas, com sede na cidade do mesmo nome e compunha-se dos municípios de Caldas, Caracol (atualmente Andradas) e Poços de Caldas. A região propícia à agricultura e à criação de gado leiteiro foi responsável pelo enriquecimento econômico e cultural. Em relação à educação, no final do século XIX, a cidade contava com salas de aula para meninos e meninas com ensino público e particular.
De acordo com o Guia de Ruas publicado pelo DME – Departamento Municipal de Eletricidade, em 1º de setembro de 1898 foi inaugurada a primeira Usina Hidrelétrica da cidade na Cachoeira das Antas com capacidade para acender 150 lâmpadas nas ruas e iluminar as 332 casas existentes na cidade. Naquele período, nota-se o grande número de imigrantes italianos que chegaram na cidade para trabalhar nas lavouras trazendo novos hábitos socioculturais.
O núcleo urbano, que destaca o balneário, o hotel e o cassino, construído para tratamentos de saúde resultou em desenvolvimento turístico, trazendo para Poços de Caldas pessoas vindas de longe, incluindo condes e barões, que construíram suas residências de veraneio e elevaram o “status” da pequena estância hidrotermal. Tal modelo urbano decorreu em construções de estilos refinados e algumas belas edificações remanescentes daquela época encontram-se preservadas.
Destaca-se entre 1928 a 1931 a construção do Palace Hotel, Palace Cassino e Thermas Antônio Carlos. Essas três grandes obras foram palco para a aristocracia brasileira que passou a frequentar a estância. O presidente Getúlio Vargas tinha uma suíte especial no hotel com decoração e móveis do estilo da época e que atualmente é grande atrativo para os turistas.
A vida religiosa e cultural é marcada pela trajetória da festa de São Benedito iniciada em 1904 e comemorada até nossos dias durante o mês de maio.
Entre os artistas que passaram pelos cassinos naquela época áurea, estiveram Silvio Caldas, Carmem Miranda, Orlando Silva entre outros. Marcaram presença os personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. Entre os políticos, o interventor de Minas Gerais durante o Estado Novo, Benedito Valadares e o presidente Juscelino Kubitschek foram presenças constantes.
O fechamento dos cassinos em 1946 e a descoberta do antibiótico impactaram o turismo termal de elite. A economia se recuperou da crise através das mineradoras, da vinda de indústrias e principalmente na mudança de foco na área turística. Foram tomadas providências nos campos da educação e da assistência social fazendo com que a população superasse a fase ruim.
A cidade estabeleceu a partir de 1997 parcerias com importantes universidades como: a Pontifícia Universidade Católica de MG – PUC; a Universidade de Minas Gerais – UEMG; o Instituto Federal de MG – IF Sul de Minas, entre outras. A oferta para cursos de graduação presencial e à distância teve grande crescimento nos últimos anos.
Poços de Caldas permanece com qualidade de vida invejável atraindo novos moradores e turistas. Em 2006, a cidade foi tema de enredo de carnaval da escola de samba carioca “Beija-flor de Nilópolis que abordou a importância de suas águas.
Em maio de 2017, Poços de Caldas passou a pertencer à Associação Europeia Termal e Histórica (European Historic Thermal Towns Association), após assinatura de termo de adesão em Caldas da Rainha, Portugal, tornando-se a cidade brasileira a integrar o roteiro formado por importantes balneários europeus.
Em 2020, seguindo a tradição agrícola, destacam-se os cafés especiais. A marca “Região Vulcânica” foi desenvolvida por 12 municípios produtores de café, incluindo Poços de Caldas, balizada pelo seu “terroir”, iniciando pelo café de alta qualidade produzido em solo vulcânico. O município conta ainda com grande produção de eucalipto, olivas, olericultura e pecuária.
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Texto elaborado por Sônia Maria Sanches, Pedagoga da DPCT – Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento da Secretaria M. de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. O texto foi baseado em informações da Secretaria M. de Comunicação Social e da Secretaria M. de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.
Referências Bibliográficas
LEMOS, Pedro Sanches de. As águas termais de Poços de Caldas. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1904.
MARRAS, Stélio. A propósito das águas virtuosas: formação e ocorrências de uma Estação Balneária no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2004.
MARRICHI, Jussara Marques Oliveira. A cidade termal: ciência das águas e sociabilidade moderna entre 1839 a 1931. Dissertação de mestrado apresentada ao curso de pós-graduação em História na área de Política, Memória e Cidade pelo IFCH/Unicamp.
MEGALE, Nilza Botelho. Memórias históricas de Poços de Caldas. Poços de Caldas: Sulminas, 2002.
MOURÃO, Mário. Poços de Caldas: sínteses histórico-social. Edição do autor, Poços de Caldas: 1952.
SEGUSO, Mario. Os Admiráveis italianos de Poços de Caldas 1884-1915. Poços de Caldas: Sulminas.