Paulo César Silva ou Paulinho Couro Minas, como é mais conhecido, foi vereador em Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, por dois mandatos, vice-prefeito, prefeito, secretário Municipal de Serviços Públicos, diretor-presidente da empresa pública Águas Minerais Poços de Caldas e, também, atualmente, responde pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) como seu diretor-presidente. Ele está com 63 anos de idade, é casado, pai de dois filhos.
Além disso, o político Couro Minas traz formação acadêmica considerável e invejável. É formado em Administração de Empresas pela FIPE São Paulo, pós-graduado em Estratégia e Marketing pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), é professor de profissão na área de Economia, de Administração e de Planejamento Estratégico e de Logística.
Paulo César Silva voltou à vida pública para responder por serviço estratégico da Administração Municipal, o fornecimento de água à população e a coleta e tratamento do esgoto gerado por cerca de 160 mil habitantes de Poços de Caldas, questões que a reportagem do Alô Poços tratará em detalhes em futuras matérias.
Neste momento, o entrevistado foi inquirido sobre a realidade do DMAE, a saúde financeira da Autarquia Municipal, as reclamações dos consumidores sobre a água “barrenta” que chega às casas, o desvio financeiro dado por uma ex-servidora e o que está sendo feito.
Alô Poços – Atualmente, o DMAE conta com quantos setores, quais são os principais e são quantos servidores?
Paulo César Silva – O DMAE tem, hoje, aproximadamente 417 servidores. Tem uma Diretoria, duas assessorias, a Assessoria Jurídica e a de Comunicação, três gerências, que a da parte financeira, da parte operacional e da parte comercial e temos quatro supervisões, que é na parte financeira, uma na parte do Departamento Pessoal e RH, uma no laboratório, uma supervisão de operações, que é a de chão de fábrica, como a gente chama, que é de operações estratégicas de manutenção, temos uma supervisão na área comercial e também na área financeira.
Cada gerência tem supervisão. A gerência que é a maior, respondida pelo engenheiro Rodopiano [Marques Evangelista], ela tem três supervisores. Na do Maurício, que é a do Departamento Financeiro e Administrativo, tem uma supervisão no Financeiro e também uma no RH e no Comercial uma supervisão.
Então, é uma máquina muito enxuta. Todos os cargos são ocupados por servidores de carreira, todos concursados. Os únicos cargos que existem aqui, comissionados, indicados pelo senhor prefeito são o diretor-presidente e o assessor de Comunicação, os demais, todos são concursados. O DMAE não tem nenhum desses 420 funcionários, aproximadamente, contratado, são todos concursados.
“Em função da inadimplência, em função de estar praticando, hoje, a menor tarifa do país, um custo muito baixo, e, em função da pandemia, aumento do custo de todo o material que usa para sua manutenção e trabalho, hoje tem um investimento na ordem de quatro milhões de reais aplicados e trabalhando diariamente, mas, é assim, nós estamos vendendo almoço para comprar a janta, literalmente, porque o nosso orçamento é muito enxuto e o custo de manutenção é muito alto, uma folha de pagamento que compromete praticamente 50% do faturamento e, consequentemente, a gente precisa de uma tarifa melhor para mais investimentos”.
Alô Poços – De foram geral, como está a saúde econômica/financeira do DMAE.
Paulo César Silva – Em função da inadimplência, em função de estar praticando, hoje, a menor tarifa do país, um custo muito baixo, e, em função da pandemia, aumento do custo de todo o material que usa para sua manutenção e trabalho, hoje tem um investimento na ordem de quatro milhões de reais aplicados e trabalhando diariamente, mas, é assim, nós estamos vendendo almoço para comprar a janta, literalmente, porque o nosso orçamento é muito enxuto e o custo de manutenção é muito alto, uma folha de pagamento que compromete praticamente 50% do faturamento e, consequentemente, a gente precisa de uma tarifa melhor para mais investimentos.
Então, hoje é um departamento que, se eu falar pra você que existe dinheiro sobrando para fazer investimentos, não, não há, nós dependendo do que arrecadamos para tocar o DMAE, por isso nós aguardamos por uma análise mais profunda, agora com uma agência reguladora, para podermos dar um norte com relação às tarifas a serem praticadas.
Alô Poços – Com relação às águas turvas, principalmente em bairros da zona Oeste e Sul de Poços de Caldas, que os consumidores tanto reclamam de estarem recebendo água barrenta, o que o DMAE tem feito de forma a sanar esse problema?
Paulo César Silva – Primeiro, esse fato existe realmente de tempos em tempos e a gente tem um problema. Contratamos, agora, mais uma consultoria e nos estudos preliminares que nós fizemos é uma situação principalmente de redes muito antigas.
Em função do ferro e do manganês que são característicos da água do nosso Planalto, no tratamento eles são cuidados, a nossa água tem um tratamento e uma qualidade exemplar. Vários municípios e várias empresas de saneamento vêm à Poços para conhecer a forma como a gente trabalha em função da qualidade da água, que é maravilhosa.
Mas, pelo fato de ainda haver redes muito antigas, o que acontece é que vai incrustando ferro e manganês, que não é sujeira, é um produto que incrustada nas redes e, de tempo em tempo, até com a mudança do clima, ela pode descolar e chegar à casa das pessoas. Então, aí chega com essa turbidez em função disso.
Como principal objetivo, é feita a descarga constante para poder limpar essas redes e, consequentemente, também, o que nós estamos fazendo, que é um grande investimento na troca de dessas redes antigas por redes mais novas. É o que nós estamos fazendo desde o primeiro momento que entramos aqui, nessa gestão, fazendo troca de redes e também monitorando isso.
Mas, é uma ocorrência que tem em todos os lugares do Brasil. Em Poços de Caldas até que com uma frequência muito pequena. Mas, o objetivo nosso é que cada vez menos isso ocorra porque causa transtorno, traz problema para as pessoas, as pessoas acham que é uma água contaminada, o que não é, acha que é uma água suja, o que não é, mas, a característica dela, a cor em função do ferro e do manganês, ela realmente provoca esse tipo de problema que nós estamos buscando corrigir.
“No aspecto administrativo disciplinar nós já encerramos esse processo, foi encerrado poucos dias atrás. Estamos, agora, a qualquer momento para dar o despacho sobre a decisão que será tomada. O que o DMAE vai fazer é buscar o ressarcimento desse recurso desviado de qualquer forma, não só pelas ações que nós fizemos, de abertura de inquérito, boletim de ocorrência e pela investigação que está sendo feita”.
Paulo César Silva sobre a investigação que apura desvio de recursos públicos por ex-servidora do DMAE.
Alô Poços – Quanto ao desvio que houve no DMAE, a servidora agiu sozinha? Na prática, qual o real valor que foi desviado? O que está sendo feito para recuperar esses valores?
Paulo César Silva – O valor está sendo encerrado agora. É um processo que foi todo encaminhado, todas as ações que tinham que ser ter sido tomadas, foram tomadas por essa Diretoria. Está sob investigação da Polícia Civil com acompanhamento do Judiciário. O Ministério Público tem nos cobrado, constantemente, informações. Nós temos repassado.
No aspecto administrativo disciplinar nós já encerramos esse processo, foi encerrado poucos dias atrás. Estamos, agora, a qualquer momento para dar o despacho sobre a decisão que será tomada. O que o DMAE vai fazer é buscar o ressarcimento desse recurso desviado de qualquer forma, não só pelas ações que nós fizemos, de abertura de inquérito, boletim de ocorrência e pela investigação que está sendo feita.
No aspecto disciplinar, ela já não é servidora mais do DMAE, não tem nenhum vínculo, pois a Justiça atendeu ao nosso pedido de perda da função pública. E no aspecto das demais ocorrências, se ela estava sozinho ou não, quem vai dar parecer é a investigação que nós também estamos aguardando, ansiosos para saber o desenrolar dessas investigações que estão sendo sendo feitas, neste momento, pela Polícia Civil.
O DMAE, por si só, também já agiu, entrando na Justiça na busca do ressarcimento em função, agora, do levantamento do valor que foi concluído pela auditoria solicitada e que devo receber nos próximos dias.