Ele também fala da falta de privacidade nos gabinetes e a perda de uma prima bolsonarista para a Covid-19 que não se vacinou
O convidado para o “Entrevista Exclusiva” desta semana foi eleito em 2020, com 533 votos, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) para seu primeiro mandato, quadriênio 2021 a 2024, a 19ª Legislatura da Câmara de Vereadores de Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, nosso entrevistado é o vereador Silvio Rogério Carvalho de Assis, o Silvio Veio, casado com Eliana e pai de três filhos, Guilherme, Matheus e Rayssa, 26, 22 e 16 anos, respectivamente.
Silvio tem o ensino médio, antigo 2º grau, completo e começou a trabalhar ainda muito novo, no início de sua adolescência, aos 13 anos de idade. Aos 17 anos abriu um negócio próprio, depois de trabalhar na Cobra Corretora de Seguros, que se estendeu por cerca de 20 anos. Hoje atua no ramo de transporte.
Ele integra quatro comissões da Casa Legislativa, a de Constituição e Justiça, a de Direitos e Garantias Fundamentais da Pessoa Humana e a de Concessão de Homenagens pelo Legislativo, além da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPIAP [Requerimento nº 179/2021], da qual é vice-presidente.
Criada através do Requerimento nº 179/2021, a CPIAP ganhou caráter de comissão permanente da Casa e se norteia na investigação do pagamento de férias indenizadas aos prefeitos, vice-prefeitos e demais agentes políticos, como secretários municipais, entre outros, que tenham recebido verbas de natureza trabalhista ou remuneratória, diferente de subsídio; recolhimento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), 13º (décimo terceiro), um terço de férias, entre outros direitos trabalhistas, aos ocupantes de cargos comissionados ou ocupantes de cargos efetivos afastados para o exercício do cargo político para o qual foram nomeados; pagamento de horas extraordinárias aos ocupantes de cargos considerados de agentes políticos.
Alô Poços – Como entrou para a política e o que lhe motiva a seguir nela?
Silvio Veio – Entrei na política nessa eleição de 2020. Me filiei meio que de última hora, no começo do ano, a pedido de uma pessoa muito querida por mim, Waldemar Lemes Filho, o “Ademarzinho”, que eu conheço desde quando eu trabalhava na Zona Azul, na Cobra Corretora de Seguros, e sempre dei apoio a ele porque, como vereador, ele sempre atendeu, nunca pedi nada para mim, mas, sempre atendeu a população, sempre foi muito solícito, e desde 2008 ele me convidava para me filiar e sair candidato.
Eu relutei, com a correria da vida, do dia a dia, eu não aceitava [o convite]. Então, foi em 2008, 2012, 2016 e aconteceu que em 2020 eu me filiei logo no começo do ano, por acaso, sem pretensão nenhuma. E chegando próximo às eleições, ele me procurou novamente para poder entrar, eu estava levando o pessoal para trabalhar na zona rural e acabei aceitando, como eu sempre falei para ele, que um dia quando eu ficasse mais velho, eu aceitaria e aconteceu. De repente eu entrei de última hora, assim, sem fazer alarde, sem fazer campanha em redes sociais. Fiz apenas um vídeo na sexta-feira que antecedeu eleição.
Andei de mão em mão com conhecidos espalhados pela cidade, sempre juntos eu e minha esposa e tive os 533 votos. Muitos não ficaram sabendo que eu era candidato. Mas, Deus em primeiro lugar, porque eu acho que nada é por acaso, tudo é por Deus.
Eu gosto sempre de falar que, no meu primeiro dia de campanha, na primeira casa que fui pedir para colocar minha foto e meu número, de frente a um ponto de ônibus, uma casa no segundo andar, a senhora que não conhecia, nunca tinha ido à casa dela, ela falou pode por sim, inclusive eu tenho uma mensagem, uma palavra de Deus para de falar.
Eu achei estranho na hora, mas, não estranhei por ser de Deus.
Eu subi lá, coloquei. Então, entramos na casa, eu e minha esposa, por volta das seis e pouco da tarde e saímos de lá onze horas da noite.
Essa senhora, dona Iolanda, uma serva de Deus da Congregação Cristã do Brasil, pediu para eu abrir a Bíblia dentro da sala dela, eu queria achei que ela ia só falar alguma coisa, não, falou que tinha que entrar e, ali, pregou tudo que iria acontecer.
Acredito quem quiser, se eu for contar detalhes aqui eu vou ficar muito tempo.
E aconteceu, foi dito que eu teria vitória, que Deus me colocaria onde eu estou hoje, inclusive pregando a mesa redonda, cheia de pessoas bem vestidas. E essa mesa tem aqui na Câmara. Antes da posse nos reunimos ali.
Alô Poços – Primeiro mandato como vereador, o senhor está conseguindo colocar seus projetos em prática? Como está sendo ser vereador?
Silvio Veio – Para mim, ser vereador está sendo uma experiência, o ano passado muito nova, mas, muito gratificante. Eu sempre lidei com o público, com pessoas, através do meu serviço, tanto no comércio quanto nas vans e no futebol. Então, lidar com o público não é diferente, só que lhe dava com o público em setores específicos, hoje, eu lido com o público da cidade toda.
Eu não fui muito votado, mas, eu tive voto em todas as zonas da cidade. Inclusive na zona rural, no Marco Divisório, na zona Leste, zona Oeste, então, eu andei por todos esses cantos da cidade e procuro atender em todos os cantos e zonas da cidade onde, na medida do possível, porque hoje a agenda, o tempo é muito corrido, muito cheio, mas, eu procuro ir a todos os lugares que me chamam. Não sou vereador de ficar muito em gabinete.
Com relação aos projetos, todos que apresentamos foram, graças a Deus, primeiramente, e graças aos vereadores, aprovados e sancionados, só estão faltando entrar em prática pelo Executivo.
Alguns eu estou vendo que já estão trabalhando para que se coloque em prática.
A gente pensa que vereador, quem está do lado de fora, acha que o vereador, eu mesmo achava, que vira super-herói, vai conseguir tudo e não é bem assim. A questão da lei, a burocracia, dificuldades, você depende de outros setores, de secretarias, às vezes é lenta, às vezes não é, mas, estamos caminhando, durmo com a minha cabeça tranquila todos os dias.
“Com relação aos servidores eu acho excelente. Eu só não concordo com os gabinetes. São minúsculos, sem espaço, não tem estrutura para atender três pessoas, no máximo duas. Isso eu não concordo, não tem privacidade nenhuma. Essa questão dos gabinetes eu acho ruim, não só para nós, vereadores, como também para os nossos assessores”.
Silvio Assis, o Silvio Veio, vereador (MDB).
Alô Poços – A estrutura da Câmara para o exercício do cargo vereador o senhor considera ela adequada?
Silvio Veio – Com relação aos servidores eu acho excelente. Eu só não concordo com os gabinetes. São minúsculos, sem espaço, não tem estrutura para atender três pessoas, no máximo duas. Isso eu não concordo, não tem privacidade nenhuma. Essa questão dos gabinetes eu acho ruim, não só para nós, vereadores, como também para os nossos assessores.
“Sabemos que isso já passou da hora de a Floramar estar trabalhando, de ter um contrato corretamente e não sou de acordo com a forma que está, principalmente com o trabalho prestado pela empresa durante a pandemia”.
Silvio Assis, o Silvio Veio, vereador (MDB).
Alô Poços – Vereador, o transporte público tem sido grande preocupação e motivo de muitas críticas. Também há muita controvérsia na manutenção da prestação do serviço emergencial do transporte público coletivo urbano pela empresa Auto Omnibus Circullare ao passo que a empresa Floramar já deveria ter começado a operar na cidade. Como o senhor avalia a situação do transporte público em Poços de Caldas, o valor da tarifa e qual sua sugestão para resolver o problema?
Silvio Veio – Eu sou muito crítico com esta com relação a contrato emergencial, inclusive votei, no projeto Recupera Poços, aquele primeiro subsídio, com dor no coração, não era a minha vontade de votar o subsídio em si, mas, como era um projeto onde tinha tudo ajuntado em um projeto só, acabei votando a favor.
Mas, na questão do subsídio, agora que veio [dezembro de 2021] meu voto foi contrário e acabou não passando por essa Câmara por se tratar do quinto contrato emergencial. Sabemos que isso já passou da hora de a Floramar estar trabalhando, de ter um contrato corretamente e não sou de acordo com a forma que está, principalmente com o trabalho prestado pela empresa durante a pandemia, na hora que a população mais precisou, linhas de ônibus foram retiradas prejudicando em muito a população principalmente nos bairros que, superlotavam as linhas nos horários de pico, ocasionando muito contágio do vírus do Covid-19 e também prejudicando muito, mas, muito a população que precisava sair de manhã para trabalhar, num sábado ou domingo ou voltar embora para casa às dez horas e meia da noite, saindo do shopping, do bar ou de uma lanchonete, seja lá de onde for, e todos sabem que não tinha essas linhas.
Acho que, na hora em que está acabando um contrato ou já acabou, não pode haver isso, independente de crises eu não, ela teria que ter tido um carinho e uma atenção maior com a população.
Alô Poços – Qual a sua avaliação em relação à gestão do prefeito Sérgio Azevedo, do governador Romeu Zema e do presidente Bolsonaro?
Silvio Veio – Começando pelo prefeito Sérgio Azevedo, eu avalio, nesse segundo mandato dele, onde eu estou como vereador, muitas coisas boas, porém, muitas coisas eu não concordei, por isso que meu voto foi contrário de muitas das vezes.
Aqui eu sou responsável pelo meu voto, então, eu tenho que decidir, eu tenho que estudar, tenho que pedir discernimento a Deus para poder fazer o que é certo para a população.
Quanto ao Romeu Zema eu vejo que ele pegou o estado numa situação bem crítica economicamente e eu vejo nele um administrador, um administrador de empresas, um empresário que está tentando sanar as dívidas e pagar em dia, tanto é que a gente vê que a aceitação dele é muito boa.
Acredito que, pela dificuldade do jeito que ele pegou, do jeito que vem ocorrendo durante os anos, eu acho que a é muito boa a administração dele.
Quanto ao presidente da República, eu não votei nele e também não votei no PT. Eu sabia que o meu voto, a chance de ganhar era mínima, mas, não votei em nenhum dos dois. Só que quando o Bolsonaro entrou, eu achei que muitas coisas melhorariam em nosso país e eu vi que foram muito poucas.
Eu acho que ele poderia, não sei se a pandemia que atrapalhou ou não, mas, ele não soube conduzir a pandemia conforme deveria ter conduzido, inclusive eu perdi uma prima que não quis se vacinar, porque ela era uma seguidora bolsonarista, o marido dela contraiu lá em Espírito Santo do Dourado, e ela veio a falecer, ele. que tinha tido caso de câncer dois anos atrás está aí, firme, e ela, que não tinha nada, hoje não se encontra mais entre nós porque não quis se vacinar. Isso no ano passado.
Eu achava que, por ele ser um militar, a segurança no nosso país iria melhorar. Eu não vi mudança nenhuma, pelo contrário, estou vendo cada vez pior.
Tanto nas estradas quanto nas grandes cidades, eu sei que tem os governadores, prefeitos, mas, eu não vi mudança nisso.
E com relação à política, conforme ele faz, eu não sou muito de acordo. Desde quando ele fez, no caso do ministro da justiça Sérgio Moro, pra mim ele perdeu a credibilidade.