O homem atuou como olheiro no ataque à agência da Caixa Econômica Federal, com armamento de guerra
Um dos presos por envolvimento no ataque a um banco de Itajubá, no Sul de Minas, na última quarta-feira (22), deve ser solto nesta segunda-feira (27). No entendimento do juiz federal Gustavo Moreira Mazzilli, “não há nenhum elemento que indique ser o autor criminoso de alta periculosidade”. A ação criminosa deixou, pelo menos, cinco feridos e espalhou medo e terror na cidade.
O homem atuou como olheiro no ataque à agência da Caixa Econômica Federal, com armamento de guerra. Ele, que foi preso no dia seguinte ao ataque, é de São Paulo e tem 33 anos. A Polícia Militar apontou que ele era um dos responsáveis por ser o batedor do bando.
Segundo a decisão federal, o suspeito não foi “flagrado com porte de arma, bem como confessou a participação na empreitada ilícita, tendo contribuído para elucidação de sua participação, na medida da segurança de sua vida”. O documento ainda relata que, por medo de “represálias que pudessem levar ao seu extermínio”, o homem não se aprofundou na sua confissão.
Sob fiança de R$ 2.000, o juiz concedeu a liberdade provisória do envolvido afirmando que “vê, portanto, que o enfrentamento do caso concreto indica que o resultado dramático da ação não tem participação objetivamente relevante do preso.”
O juiz federal também deferiu a quebra do sigilo telefônico/telemático requerido pelo Ministério Público Federal.
Opinião de especialista
Para o pesquisador em segurança pública Jorge Tassi, o Estado é absolutamente responsável pela integridade física desse homem, tendo em vista que ele será responsável por fomentar informações para que a justiça possa desmantelar essa organização, bem como outras organizações de que ela faça parte.
“A história nos mostra, contudo, que as organizações criminosas são dadas a eliminar testemunhas, pessoas que participaram de suas estruturas e conhecem a sua forma de agir, seu modus operandi”, avalia.
Segundo o especialista, o conjunto de crimes hediondos em Itajubá foi obra de uma organização criminosa, que se estruturou, se preparou para a prática de vários delitos, e esse foi apenas um deles. “Ela investiu e distribuiu funções, com pessoas com maior e menor responsabilidades, hierarquicamente organizadas, todas elas, contudo, sabiam da predisposição para a violência, pois ninguém vai, armado de fuzil, bombas, colete, se não estiver indo para guerra”, afirma.
“Esperemos que esse não seja mais um caso em que a sociedade fique à mercê de organizações criminosas, baseado num fato de que o trabalho poderia ter sido muito mais profícuo, se tivéssemos todas as informações e se tivéssemos o Estado trabalhando de forma absolutamente eficientes. Esperemos que o juiz esteja correto, e que essa tenha sido a melhor medida a ser tomada”, pondera.
O ataque à cidade
Por volta de 23h40 de quarta-feira (22) disparos de arma de fogo interromperam o silêncio da cidade de Itajubá, no Sul de Minas Gerais. A quadrilha, conhecida como “novo cangaço” invadiu a cidade e explodiu uma agência da Caixa Econômica Federal, na região central do município de quase 100 mil habitantes.
Segundo a Polícia Militar (PM),os criminosos estavam armados com fuzis capazes de transfixar pessoas, obstáculos e barreiras. Houve disparos contra a unidade da corporação
No início do assalto, os criminosos roubaram um carro que era usado por um motorista de aplicativo e atearam fogo no veículo em frente ao batalhão do Corpo de Bombeiros, na Vila Poddis. O batalhão dos bombeiros fica ao lado da sede da Polícia Militar da cidade.
De acordo com militares ouvidos pela reportagem, o incêndio iniciou por volta das 23h30, quando o grupo armado também atirou pelo menos duas vezes contra um caminhão usado para combater incêndios no município e região. Nenhum bombeiro ficou ferido.
*Fonte: O Tempo