Alexandre Kalil (PSD) não é mais o prefeito de Belo Horizonte. Ele anunciou nesta sexta-feira (25) que deixa o cargo para concorrer ao Governo de Minas nas eleições de 2022. Em discurso feito na sede da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), o político disse que deixa a administração municipal com a sensação de “dever cumprido” e já se dirigiu ao povo de outras regiões do estado, com direito a várias alfinetadas ao governador Romeu Zema (Novo).
“Dever cumprido é sentir que fiz o que pude, dever cumprido é sentir que, se errei, fiz o meu dever. A sensação que tenho quando olho para toda a minha família é de dever cumprido”, disse o agora ex-prefeito em um trecho do discurso. O anúncio vem pouco antes do prazo para a desincompatibilização previsto pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A partir de hoje, quem assume a PBH é o até então vice-prefeito Fuad Noman (PSD), economista e escritor que já foi secretário-executivo da Casa Civil no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No pronunciamento, Alexandre Kalil agradeceu ao novo prefeito da capital mineira e se dirigiu aos moradores: “Fiquem tranquilos, prefeito Fuad foi eleito junto comigo. Não pensem que ele chegou agora”.
‘Até logo, Belo Horizonte’
Além de listar vários pontos que considera de atenção no que diz respeito à administração do estado, Kalil também ressaltou os feitos realizados à frente da PBH e agradeceu à equipe da prefeitura. “Será que a população sabe do que foi feito aqui dentro? Ora, amigos, tivemos a maior votação de primeiro turno da história dessa cidade. O povo pode ser pobre, mas não é burro”, disse.
Kalil também aproveitou para agradecer a população belo-horizontina pelo período que esteve à frente da administração municipal. “Até logo, Belo Horizonte, e volto já. Aliás, vou lembrar a todos vocês que pertencemos a Minas Gerais”, prometeu.
Quem sai?
Ainda no pronunciamento, o prefeito adiantou que deixam a equipe da administração municipal nesta sexta-feira o procurador-geral do município, Castellar Modesto Guimarães Filho, e os secretários de Política Urbana, Maria Fernandes Caldas, e de Saúde, Jackson Machado. A ele, Kalil se referiu como “o maior secretário de saúde que essa cidade já teve”: “Não sei o que seria dessa cidade sem seu conhecimento científico”.
“Não sou modesto e nem gosto de dividir vitórias com ninguém, mas esses votos não são meus. É a nossa medalha, é a nossa Libertadores da América. Não divido esse prêmio por bondade ou por justiça, é por simples raciocínio lógico. Ninguém faz o que se fez nessa cidade sem uma equipe aguerrida e humana”, disse o ex-prefeito ao se dirigir à equipe da PBH.
“Digo sem medo que nós fizemos o que devíamos fazer: servimos e servimos muito bem. Inicio um novo caminho, como dizia Cartola:’ deixe-me ir, eu quero andar’. Sou um cara de trabalho, dele não tenho medo, sei decidir e decido certo e errado porque a indecisão é quase sinônimo de abandono e nosso estado não aguenta mais isso”, afirmou o prefeito, que ainda completou: “Ao estado, me aguardem”.
Histórico
O prefeito de Belo Horizonte fez o anúncio após algumas semanas evitando tocar no assunto da candidatura ao Governo de Minas. Em várias ocasiões, quando questionado sobre a pretensão pelo cargo, Kalil preferia não dar respostas claras e dizia estar focado na administração da capital.
No último mês, a agenda do mandatário contou com várias visitas a obras e projetos realizados pela PBH, além de conversas com a imprensa. No dia 1° de abril, quando questionado se essas visitas já sinalizariam um início de despedida do cargo após visita a uma horta comunitária, ele desviou, brincando.
“Vocês estão querendo me empurrar para fora da prefeitura de todo jeito, né? Não, eu estou fazendo o que sempre fiz. […] Fui lá ver a obra da Vilarinho, que, na minha campanha, não prometi”, disse.
Quando o ex-presidente Lula falou sobre uma pretensão de conversar com Kalil sobre uma possível aliança para as eleições, ele voltou a dizer que estava focado no trabalho na PBH. “Como vou encontrar com alguém hoje? Agora temos que cuidar dessa cidade”, declarou após inauguração da nova sede do Centro de Saúde Ventosa.
Desincompatibilização
Kalil sai da prefeitura de BH pouco antes do prazo final para que políticos deixem os cargos para se candidatarem a governador nas eleições de 2022. O dia 2 de abril, seis meses antes das eleições, é o limite para desincompatibilização previsto pelo TSE.
Segundo o secretário judiciário do TSE, Fernando Alencastro, esse prazo deve ser entendido como uma condição de elegibilidade. O candidato que deixar de se desincompatibilizar fora do tempo determinado não terá o registro de candidatura aceito pelo órgão.
Conforme o tribunal, o princípio da desincompatibilização pretende evitar que haja abuso do poder econômico ou político nas eleições por meio do uso da estrutura e dos recursos aos quais o pré-candidato tem acesso.
Em geral, a norma vale para servidores públicos efetivos ou comissionados; dirigentes ou representantes de autarquias, fundações, empresas, cooperativas e instituições de ensino que recebam verbas públicas; e dirigentes ou representantes de órgãos de classe como sindicatos e conselhos de classe.
*Fonte: BHAZ