Juscilayna Rufino foi levada pelo pai de Igarapé (MG) para Goiás quando ela ainda era um bebê; Marina Alves pensava que a filha havia falecido
O dia 23 de julho vai ficar marcado para sempre na vida da babá Juscilayna Rufino, de 28 anos, e da faxineira Marina Alves da Cruz, de 50. Depois de o pai ter levado Juscilayna para Goiás quando ela ainda era um bebê, e a mãe ter sido informada por ele, tempos depois, que a filha havia falecido, felizmente, as duas puderam ter um reencontro emocionante, na manhã deste sábado (23), em Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde a faxineira reside.
Marina conheceu o pai de Juscilayna ainda jovem, em Betim, cidade vizinha. Eles tiveram um relacionamento breve e, pouco tempo depois do início do namoro, a faxineira engravidou. Quando Juscilayna nasceu, contudo, o pai disse que queria ficar com a filha e acabou levando-a sem a permissão da mãe para Goiás.
“Ele me falou que o que interessava a ele era a menina. Discutiu feio comigo e sumiu com ela. Fui à polícia, mas mulher naquela época não tinha vez. A única coisa que eles me disseram é que se soubessem de algo me falariam. Depois de dez anos, soube que minha filha havia morrido. O mundo acabou pra mim. Até então, tinha esperanças de reencontrá-la viva”, lamenta a mãe.
Segundo Marina, receber uma ligação, no fim do ano passado, da equipe da Rádio Super Igarapé, perguntando se ela teve uma filha e se estava procurando por ela, foi um sopro de esperança em sua vida. “Não estava esperando isso mais. Na época ainda fiquei brava e disse que não era para eles brincarem com isso. Fiquei assustada e, desde então, quando soube que ela estava viva, passei noites sem dormir, sonhando com o momento de revê-la”, relata a mãe.
Depois de ser levada para Goiás, Juscilayna foi entregue pelo pai para ser criada pelos avós paternos e pelo irmão do genitor. No entanto, ainda criança, os avós acabaram falecendo e a menina ficou sob os cuidados do tio. “Ele sempre falava sobre a minha mãe, dizia que ela estava viva e que só não me levava para conhecê-la porque não tinha condições financeiras. Já meu pai afirmava e afirma até hoje que ela era louca e briga comigo quando eu quero saber mais sobre a minha mãe”, revela a babá, que, antes de sair de Goiás, não contou para o pai que estava viajando para Minas Gerais para conhecer a mãe.
O reencontro emocionante de mãe e filha somente aconteceu, neste sábado (23), graças à ajuda de uma amiga da babá, que incentivou Juscilayna a procurar pela mãe; do policial militar reformado Ronaldo Cruz; que realizou buscas pelas duas em ambos os Estado, de Márcia Chaves, mulher do prefeito de Igarapé, Arnaldo de Oliveira Chaves, que custeou os gastos de Juscilayna e da filha dela, de 11 anos, para que a viagem das duas pudesse acontecer, e da Rádio Super Igarapé, que divulgou a história e fez a ponte para que ambas pudessem se ver pessoalmente.
Em um reencontro regado a muito choro, hoje elas, finalmente, puderam se abraçar pela primeira vez. Agora, mãe e filha têm a oportunidade de recuperar o amor arrancado da vida delas por anos de separação. “Agora é só alegria e não nos perdermos mais de vista. Se eu pudesse, segurava ela junto de mim 24 horas por dia. Para quem não tinha ninguém, agora ter uma filha e uma neta é maravilhoso. Só tenho a agradecer a Deus”, diz Marina. “Estou muito emocionada. Depois de passar minha vida toda procurando pela minha mãe, agora estou sem palavras”, diz Juscilayna que, logo em seguida, deu mais um abraço forte e apertado na mãe, que terá a filha em casa até o fim deste mês. “Por mim, ela viria morar aqui comigo”, finaliza a mãe.
*informações O Tempo