Paul Edmonds passou por um arriscado transplante de células-tronco em 2019 e deixou de carregar o vírus no corpo
Paul Edmonds, de 67 anos, foi a quinta pessoa do mundo a se curar do HIV. Após um transplante de células-tronco realizado em 2019, ele conseguiu se livrar do vírus com o qual vinha convivendo há 33 anos.
A identidade de Edmonds foi revelada em um programa de TV da rede ABC, dos Estados Unidos. Ele soube da cura em julho do ano passado, mas só em 03/4 sua identidade veio a público.
Como funciona a cura
O primeiro caso conhecido de alguém que se curou, o de Timothy Ray Brown, ocorreu em 2009. Os outros quatro de que se tem notícia só foram possíveis mais de uma década depois. No caso de Edmonds, ele já não toma remédios para o HIV há dois anos.
Paul Edmonds foi curado ao receber um transplante de células-tronco de uma pessoa resistente ao HIV. No mundo existem apenas aproximadamente 1% de pessoas que possuem o gene CCR5, que neutraliza o vírus.
O tratamento é considerado muito arriscado pois pode levar à morte e não é indicado para tratar o HIV, mas para a leucemia, com a qual Edmonds havia sido diagnosticado em 2018.
“Foi a segunda vez que encarei a morte, mas não estava preparado para morrer. Gosto da minha vida”, diz Edmonds, sobre o transplante de células-tronco.
Segundo o hospital City of Hope (Cidade da Esperança, em inglês), onde ele foi tratado, pessoas idosas com HIV costumam desenvolver este tipo de leucemia como consequência de um sistema imune enfraquecido por décadas de luta contra a AIDS.
“Usar a quimioterapia em um paciente como Edmonds, que também tomava as medicações antirretrovirais para pausar o desenvolvimento do HIV, seria um risco porque a quimio também enfraquece o sistema imune. Por isso o hospital começou a oferecer o transplante de células-tronco a pacientes que viviam com ambas as doenças”, explicou o City of Hope, em comunicado.
Uma vida de amor e luta
Edmonds vivia com o HIV desde 1988 e afirma que passou por todas as fases mais sombrias da doença, quando tê-la era quase uma sentença de morte. “Ter o HIV era como uma maldição. Tinha medo de me testar por que um positivo era a certeza de morte”, afirmou.
“Perdi muitos amigos, mais do que eu posso contar e este momento é um momento de esperança, mas também de memória por todos aqueles que nós perdemos”, disse o aposentado, ao programa de TV.
“Passei por muitas terapias na vida e quero contar minha história para trazer esperança a pessoas que vivem com o HIV”, completou Edmonds. O marido dele, Arnie House, com quem está desde 1989, é uma dessas pessoas.
House disse ao programa da ABC que estava tão feliz com a cura de Edmonds como teria ficado se fosse a dele. “Quando o conheci, eu sussurrei no ouvido dele: quero te conhecer melhor. Três décadas depois, a gente segue se conhecendo”, disse o marido.
“Estou grato por ter encontrado um doador, grato por estar vivo, estou infinitamente grato”, concluiu o aposentado.
*Informações Portal Metrópoles.