Nas cidades onde o presidente ganhou a disputa, taxa de incidência da doença também foi maior
A incidência e a mortalidade pela Covid-19 em Minas Gerais foram maiores nos municípios onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu as eleições em 2018.
Um estudo que será apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID), em Portugal, no fim de abril, mostra uma correlação entre a “atitude negacionista” do presidente e a ocorrência de casos de Covid.
Os pesquisadores calcularam as taxa de incidência e de mortalidade da Covid em cada um dos 853 municípios mineiros entre 21 de janeiro e 10 de novembro de 2021.
Nas 445 cidades onde Bolsonaro venceu a disputa no segundo turno, a taxa de incidência da doença foi de 7,6%. Nas 408 onde o presidente perdeu, foi de 5,6%.
Já a taxa de mortalidade por Covid-19 por 100 mil habitantes foi de 212 nos municípios onde o atual presidente ganhou as eleições, número 60% maior do que nos municípios onde ele perdeu (132).
“Ele (Bolsonaro) desrespeitou o uso de máscaras, ele próprio foi exemplo de não utilizar máscaras, desrespeitou o distanciamento social, não evitou aglomerações, pelo contrário, promoveu aglomerações, incentivou tratamentos ineficazes, e tudo isso acabou por influenciar negativamente as pessoas no que se refere à autoproteção (…) A postura anticientífica é letal e, quando ela é incentivada por um líder de estado, isso tem efeitos altamente deletérios sobre a população”, diz o infectologista Carlos Starling, membro da Sociedade Mineira de Infectologia e um dos autores do estudo.
Vacinação
O estudo mostrou que os índices de imunização contra a Covid-19 foram semelhantes nos municípios onde Bolsonaro ganhou e perdeu as eleições em 2018, apesar dos ataques do presidente à vacina.
Nas cidades onde ele venceu a disputa no segundo turno, a porcentagem da população vacinada até novembro de 2021 era de 60%, e nos demais municípios, de 55%.
“Apesar da postura dele contra a vacina. a nossa tradição de vacinar é tão grande que, mesmo nos municípios onde ele ganhou, a vacinação correu. Em relação à vacina, ele não teve influência negativa sobre seus eleitores”, afirma Starling.
*Fonte: g1