Foi anunciado nesta terça-feira (14), em uma coletiva de imprensa na Prefeitura Municipal, a construção do Hospital do Câncer em Poços de Caldas.
Na coletiva foi dito que toda a obra será feita com verba da prefeitura e o hospital deverá ser em frente a Santa Casa, na praça Pedro Escobar. Para conseguir realizar a construção da unidade a prefeitura pretende vender um terreno sem uso, localizado na zona oeste do município, e destinar toda verba para a construção do Hospital do Câncer. O terreno conta com uma área aproximada de 40 mil metros quadrados, e está localizado entre os bairros Jardim Europa e Jardim Country Club, atrás da Garagem Municipal.
O projeto para a implantação do Hospital do Câncer existe desde 2008, mas até o momento não saiu do papel. Em 2012 chegou a ser lançada de forma simbólica no terreno que seria construído o novo hospital, a Pedra Fundamental por parte do Governo do Estado, mas por uma série de fatores o projeto não teve andamento e ficou parado. A proposta apresentada na época previa um prédio com mais de 4 mil m² de área construída, contendo ambulatórios, radioterapia, quimioterapia adulto e infantil, além de pavimento administrativo.
Segundo a Secretaria de Saúde, atualmente cerca de 80 pacientes oncológicos de Poços de Caldas precisam fazer o uso mensal do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), que é um direito oferecido às pessoas com câncer que precisem se deslocar para outros locais para realizar a intervenção terapêutica em outras cidades. Eles são atendidos nas cidades de Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP) e Barretos (SP). Com a construção de um centro oncológico em Poços, esses pacientes poderiam ser tratados na cidade, sem precisar viajar.
“A construção do Hospital do Câncer é de grande importância para Poços de Caldas, visto que, dezenas de cidades da região realizam o tratamento de seus pacientes na cidade”, contou o secretário da saúde, Carlos Eduardo V. Mosconi. Segundo ele, há 10 anos o Governo de Minas assinou um convênio para a construção da unidade de tratamento oncológico na cidade e e ele foi desconsiderado pelo governo de Fernando Pimentel (PT).
Centro oncológico da Santa Casa
No Hospital da Santa Casa de Poços de Caldas, onde atualmente são feitos os tratamentos do câncer, são realizados cerca de 4.000 procedimentos por mês, sendo que por ano 6.000 pessoas passam por atendimentos na UNACON (Unidade de Atendimento de Alta Complexidade em Oncologia), no qual cerca de 75% destes pacientes são daqui do município e os demais, de outras cidades. No total 48.000 procedimentos são realizados no ano, uma média de mais de 130 por dia. Além disso, até setembro de 2021 foram realizadas 490 cirurgias de alta complexidade em oncologia, mais de 50 cirurgias por mês.
A Santa Casa tem 60 novos pacientes por mês, alguns já curados, mas que ao finalizar o tratamento do câncer realizam o que os médicos chamam de seguimento, que consiste em um acompanhamento por consultas e exames de rotina, com a finalidade de detectar uma eventual recidiva. Dependendo do tipo de câncer, podem ser necessários exames de sangue, imagem ou ambos. Em algumas situações, apenas uma consulta e o exame físico serão suficientes. A frequência e a duração do acompanhamento dependem do tipo de câncer e de fatores individuais do paciente e, na maioria das vezes, têm duração mínima de cinco anos. Se houver suspeita de recorrência, podem ser necessários outros testes de diagnóstico, como exames laboratoriais, estudos de imagem e biópsia.
De acordo com o médico e diretor do centro de oncologia da Santa Casa, Tobias Engel Ayer Botrel, a ideia é fazer uma estrutura independe voltada para a oncologia, liberando assim espaço para leitos e outros procedimentos na Santa Casa: “A discussão no momento, não está focada em quais procedimentos serão ofertados no novo local, mas sim fazer com que a oncologia possa atender seus pacientes em um local próprio onde possam ser realizados procedimentos como tratamentos quimioterápicos e cirurgias de pequeno porte, cirurgias de maior complexidade seriam realizadas no Hospital da Santa Casa.” Veja o vídeo do Dr. Tobias:
Paciente oncológico
Um ex-paciente de oncologia A.L.P., de 68 anos, contou que na época que teve um câncer no intestino deveria se tratar em Poços de Caldas (MG), mas que devido a lotação foi redirecionado para se tratar em Campinas (SP). “Tinha muitos pacientes, eu podia ficar morrendo aos poucos e esperando vaga ou então me cuidar fora. Mas a questão é que quando você está com essa doença ela é ingrata, te deixa mal, ficar viajando só piora tudo. E ficar hospedado em outra cidade que não é sua casa, mesmo tendo lugar pra ficar é ruim.”
Segundo ele, o benefício de ter um hospital na cidade facilitaria e tornaria mais humano o tratamento de muitas pessoas de toda região.
“Se quando eu estava doente tivesse esse hospital eu teria tido um atendimento melhor, mais rápido e sem precisar ir pra longe, longe da família. A Prefeitura está pecando em não fazer isso logo, a Santa Casa não dá conta de todo mundo como está”, finalizou.