Celso Leonardo Barbosa, vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa, era um aliado próximo e fiel ao agora ex-presidente Pedro Guimarães
O vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa, Celso Leonardo Barbosa, também deixará o cargo após as acusações de assédio sexual contra o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães.
A suspeita de pessoas ligadas ao banco é de que Barbosa pode ter ajudado a acobertar a situação. Ele era tido como o número dois de Guimarães e o substituía com frequência no comando da instituição. Também era um aliado próximo e fiel ao agora ex-presidente.
Os relatos das vítimas e de outros funcionários indicam que os episódios eram conhecidos por ao menos parte da diretoria e dos vice-presidentes.
A informação sobre a saída de Barbosa foi revelada pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, e confirmada pela reportagem por fontes do governo. Procurada, a Caixa não se manifestou até o momento. Também houve tentativa de contato direto com o executivo, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Barbosa foi comunicado de que precisaria deixar o cargo
Na manhã de ontem, sexta-feira (1º), o vice-presidente foi comunicado pelo presidente do Conselho de Administração, Rogerio Rodrigues Bimbi, de que precisaria deixar o cargo. Horas depois, Barbosa reuniu sua equipe para anunciar o fato.
Barbosa ingressou na Caixa em janeiro de 2019 como assessor estratégico da presidência do banco. Tornou-se vice-presidente do banco em março de 2020.
Na quinta-feira (30), também em reunião extraordinária, o Conselho decidiu contratar uma auditoria externa para apurar as acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães e rastrear outros membros da cúpula que acobertaram a situação.
Escândalo envolvendo Pedro Guimarães foi revelado nesta semana
As acusações foram reveladas na terça-feira (28) pelo portal Metrópoles, que relatou também a existência de uma investigação no Ministério Público Federal (MPF).
As mulheres narraram episódios como toques íntimos sem consentimento, convites incompatíveis com o ambiente profissional e outras condutas inapropriadas.
A decisão do conselho de contratar uma empresa terceirizada para conduzir a apuração foi tomada após os relatos das vítimas indicarem que os episódios eram conhecidos por ao menos parte da diretoria e dos vice-presidentes da Caixa.
A avaliação do colegiado é que deixar a investigação nas mãos das instâncias internas de controle não é a melhor saída para obter um diagnóstico independente, dada a suspeita de envolvimento de outros integrantes da cúpula da instituição.
A avaliação preliminar é que, diante dos relatos, apenas a renúncia de Guimarães não basta. O temor é que tenha se instaurado no banco uma cultura organizacional que não pode ser tolerada.
Uma funcionária da Caixa disse em depoimento ao jornal Folha de S.Paulo que também foi assediada por Guimarães, presidente da instituição. Ela afirmou ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio. A mulher pediu para ter sua identidade preservada por receio de sofrer retaliação do comando do banco.
Guimarães pediu demissão na quarta-feira (29), um dia após a divulgação das acusações. Em uma carta aberta publicada em suas redes sociais, ele negou as acusações e disse ser alvo de “rancor político em um ano eleitoral”.
A vice-presidente Henriete Bernabé (Habitação) assumiu como presidente interina, até que a nova indicada ao cargo, Daniella Marques, tome posse, o que deve ocorrer na semana que vem, após análise de sua documentação pelo comitê de elegibilidade do banco.
*informações Folhapress