Cantora se apresentava na 26ª edição do evento quando um item rosa a atinge na cabeça
A cantora Pabllo Vittar foi atingida por um objeto jogado pelo público enquanto se apresentada na 26ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, realizada neste domingo (19), na cidade de São Paulo.
Pabllo se apresentava na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação quando foi atingida. Ela não se feriu e seguiu a apresentação.
Após dois anos de celebração online, devido às fases mais severas da pandemia, os trios elétricos voltaram a realizar o tradicional trajeto da Avenida Paulista até a Praça Roosevelt, no Centro da capital. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) não compareceu ao evento.Os trios da parada passavam por pontos de ônibus lotados. Em determinado momento do desfile, parte dos manifestantes subiu em pontos localizado na Avenida Paulista e na Rua da Consolação. O desfile começou por volta de 12h com discurso de representantes da comunidade LGBTQIA+, além de políticas, caso da covereadora Carol Iara (PSOL) e da secretária de Direitos Humanos da capital, Soninha Francine (Cidadania).
“As travestis não são bagunça. Precisamos, sim, estar nos lugares de decisão desse país. Câmara, Senado. Aqui é mais amor e menos ódio”, disse Iara. Soninha Francine salientou o crescimento do evento. “Na primeira parada eram 2 mil pessoas fortes e valentes. Hoje somos mais de 3 milhões. Vai ter festa, sim!”Por volta de 10h, o público já se concentrava no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e os balões coloridos já começavam a ser enchidos. Neste horário, a avenida já começou a ganhar as cores LGBT+ com bandeiras e faixas. Cada bandeira custava R$ 30.
O tom político não ficou apenas no tema escolhido pelos organizadores. O público entoou em momentos da concentração gritos de “Fora, Bolsonaro”. Os discursos traziam mensagem similares, com críticas ao presidente da República.As manifestações do público vinham com cartazes, como um com os dizeres “Impeachment, já! Bolsonaro na cadeia” e bandeiras com as cores do movimento e a frase “Fora, Bolsonaro”. Outros manifestantes vestiam vermelho, fotos e tolhas do ex-presidente Lula e declarações de apoio ao petista. Um dos manifestantes com a bandeira do arco-íris, Fernando Braga, de 34 anos, lamentou a relação do governo Bolsonaro com a comunidade. “Resolvi vir este ano pelo tema Voto Consciente, votar é muito importante. O governo federal tem atacado muito a população LGBTQIA+, discursos muito agressivos. O Brasil precisa melhorar com a gente, a relação é péssima, não somos respeitados”, disse.
No primeiro carro do desfile, as deputadas estaduais Isa Penna (PCdoB) e Erica Malunguinho (PSOL) também falaram ao público.
“Fui assediada na Alesp, tem feminista aqui hoje? É sobre isso. Nossa unidade vai nos fazer vencer. Eles vão ter que nos engolir na política. Mulher não vai voltar pra cozinha, negro não vai voltar pra senzala e LGBTQIA+ não vai voltar para o armário”, afirmou Isa.
“Diversidade é a lei absoluta da humanidade, estamos aqui para libertar de todo preconceito, estigma. Axé para nós. Façamos uma parada linda, sem violência, muito amor. Nosso povo é capaz disso, fertilizar amor, prosperidade”, disse Malunguinho.
Neste ano, 19 carros fazem parte do desfile e conta com a participação de artistas como Pabllo Vittar, Ludmilla, Pepita, Mateus Carrilho, Liniker, Majur, Gretchen, Tiago Abravanel, Lexa, Luisa Sonza e o bloco de Carnaval Minhoqueens.Matheus Dachilli, 22 anos, técnico em elétrica, foi à Avenida Paulista vender objetos fabricados pelo pai, como bandeiras e copos. Vendem cada um a R$ 30 na Parada.
“Trouxemos 500 copos e já vendemos 200, tá quase acabando. As bandeiras, foram mil e saíram 80. Temos com Fora Bolsonaro e a lisa, que saiu mais até agora. Eu sou técnico, vim fazer bico pro meu pai para completar renda. Pandemia dificultou a vida de todo mundo. Minha irmã é veterinária e está aqui com a gente vendendo. Ganhamos a semana e espero vender mais.”
Edinho Teodoro, 56 anos, falou sobre direitos perdidos nos últimos dois anos. “Estou vindo esse ano porque temos que valorizar muito e respeitar a diversidade, tudo que tem no mundo. Depois de dois anos, temos que lutar por muitos direitos que perdemos”, afirmou. Ele, contudo, preferiu não opinar quando questionado sobre a relação do governo federal com a população LGBTQIA+.
Tema
O tema da 26ª Parada é “Vote com Orgulho – por uma política que representa” e visa reafirmar o compromisso da comunidade LGBTQIA+ no combate à discriminação, respeito à diversidade e na luta por políticas afirmativas voltadas para esta parcela da população.
“É um prazer imenso retornar às ruas e reforçar ao público da sua responsabilidade em apoiar representantes que estejam comprometidos com um Brasil mais justo e igualitário”, disse Claudia Garcia, presidente da APOLGBT-SP, associação responsável pela organização do evento na capital paulista.Noivos há quatro anos, Rodrigo Ferreira e Fabrício Fernandes, posaram antes de subir em um dos trios, de onde verão o desfile.
Economia
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a capital está com 80% da rede hoteleira ocupada por conta da Parada, que representa um movimento da economia da cidade em torno de R$ 400 milhões.
Um estudo do Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo demonstra que cada turista LGBT gasta, em média, R$ 1.600 por dia antes, durante e depois da Parada.
*informações g1