Ao começar uma dieta, muitas pessoas têm a percepção de que estão mais saudáveis. No entanto, um novo estudo feito no Pitt Public Health, escola de saúde pública da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, mostra que em 75% dos casos os indivíduos superestimam a própria saúde e os hábitos alimentares quando mudam para uma rotina mais saudável.
Os resultados da pesquisa preliminar serão apresentados no congresso American Heart Association’s Scientific Sessions 2022, que ocorre em Chicago, nos Estados Unidos, no próximo sábado, 05.
“Descobrimos que, embora as pessoas geralmente saibam que frutas e vegetais são saudáveis, pode haver uma desconexão entre o que pesquisadores e profissionais de saúde consideram uma dieta saudável e equilibrada em comparação com o que o público pensa”, afirma Jessica Cheng, principal autora do estudo e pesquisadora em epidemiologia na Harvard TH Chan School of Public Health e em medicina interna geral no Massachusetts General Hospital, ambas nos EUA.
A conclusão veio após a análise das dietas de 116 adultos com idades entre 35 e 58 anos. Todos os participantes tiveram encontros com um nutricionista e foram orientados a registrar tudo o que comiam e bebiam ao longo de um ano no aplicativo Fitbit. Além disso, eles se pesavam diariamente e usavam um relógio inteligente para registrar a prática de atividade física.
Com as informações, os pesquisadores calcularam a pontuação do Índice de Alimentação Saudável (HEI, na sigla em inglês) no início e final do estudo. O índice é uma medida que avalia o quanto um padrão alimentar se aproxima das Diretrizes Dietéticas para Americanos, do governo dos EUA, em uma escala de zero a 100. A pontuação se baseia em fatores como a frequência de ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e refinados, carnes e frutos do mar, sódio, açúcares e gorduras.
Os participantes foram convidados a fazer uma autoavaliação da própria dieta no início e no fim do estudo, atribuindo a cada um dos períodos uma pontuação de zero a 100. A diferença entre a pontuação inicial e final foi a mudança percebida na dieta. Para os pesquisadores, uma diferença de seis pontos ou menos entre a pontuação do HEI atribuída pelos pesquisadores e a pontuação percebida pelo participante foi considerada com “boa concordância”.
Percepção pessoal
Um em cada quatro participantes (25%) teve uma boa concordância entre as pontuações. Os demais (75%) tiveram uma concordância ruim, com a maioria acreditando ter uma pontuação muito superior à que os pesquisadores atribuíram a eles. Em média, as pontuações foram de 67,6 e 56,4, respectivamente.
Para especialistas, superestimar a percepção da saúde pode levar ao ganho de peso, frustração por não atingir os objetivos pessoais ou menor probabilidade de aderir a hábitos realmente saudáveis.
“Pessoas que tentam perder peso ou profissionais de saúde que estão ajudando pessoas com metas relacionadas à nutrição devem estar cientes de que provavelmente há mais espaço para melhorias na dieta do que o esperado”, concluiu Cheng.