Durante ação da Polícia Civil de Minas Gerais, dez pessoas foram conduzidas à delegacia, suspeitas de integrar uma organização criminosa que aplicava o golpe do falso emprego, em Belo Horizonte. A ocorrência foi realizada em um escritório no Centro da capital, quatro foram presas em flagrante por estelionato, organização criminosa e corrupção de menores. Os outros seis conduzidos serão investigados.
O grupo atuava oferecendo falsos empregos de dependiam de “cursos de especialização”. As vítimas então desembolsavam o valor necessário e nunca recebiam a oportunidade prometida ou o dinheiro de volta. Em entrevista coletiva nessa quinta-feira, 10, a delegada Cinara Rocha contou que as investigações começaram em agosto de 2021, a partir de levantamentos de ocorrências similares.
“No caso da vítima que procurou a polícia ontem, ela teria que pagar R$ 3 mil pelo curso, mas não tinha condição financeira. Então, foi oferecido a ela que desse uma entrada à vista e o restante seria pago em 12 meses, com o recebimento do salário”, detalhou.
Ainda segundo a delegada, “quando a polícia chegou ao local, estava havendo a suposta contratação de duas vítimas que tinham assinado o contrato e recebido o direcionamento para a empresa, após terem efetuado o pagamento”. Foram apreendidos documentos, contratos, celulares e nove máquinas de cartão de crédito. Entre os suspeitos, está uma adolescente de 17 anos que trabalhava como telemarketing.
Vítimas encontradas pela internet
De acordo com a delegada, o grupo escolhia as vítimas por meio de currículos que haviam sido cadastrados na internet. “Faziam uma captação de possíveis candidatos a emprego. Esse candidato era procurado pela empresa e informado: você tem interesse em um emprego, salário aproximado de um, dois salários mínimos, e a pessoa, ao demonstrar interesse, comparecia na sede da empresa”, explica.
O público-alvo do grupo criminoso eram menores aprendizes, com idades de 14 e 18 anos. Quando o menor ia à sede da empresa cadastrar-se para o emprego, era questionado se tinha curso de capacitação. Diante da negativa da vítima, os investigados disponibilizavam a venda do curso.
“A empresa falava que o curso era requisito para o emprego e oferecia esse curso ao candidato, contudo, esse curso deveria ser pago. Esse valor dependia do poder aquisitivo da vítima. Temos vítimas que pagaram R$ 1,8 mil, outras R$ 200, sendo que o valor médio seria de R$ 600”, conta Cinara. O jovem sentia-se seguro de pagar o valor do curso, ou parcela-lo, uma vez que o emprego já estava garantido.
Tarde demais
Ainda segundo a delegada, muitas vítimas sentiam-se seguras em pagar ou parcelar o valor do curso, já que acreditavam que teriam o emprego para ajudar a bancar o gasto. Após um tempo, no entanto, elas percebiam que se tratava de um golpe.
“Quando a pessoa vai acessar a plataforma do curso, ela não tem acesso. Quando vai procurar a sede da empresa, ela vai descobri que a suposta RH também não existe, são salas comerciais vazias. Quando ela volta à empresa de captação de empregados, ela vai descobrir que ela também não mais existe”, diz.
As investigações apontam que o grupo movimentava grandes quantias com o golpe, sendo que cada operador de telemarketing realizava, em média, 100 ligações por dia, gerando um atendimento presencial de, aproximadamente, 40 pessoas diariamente. A polícia estima que eles arrecadavam, a cada 15 dias, entre R$ 180 e R$ 250 mil.
Cuidado redobrado
O delegado Emílio Oliveira, que responde interinamente pela 2º Delegacia de Polícia Civil Sul, fez um alerta para quem está procurando emprego. “As pessoas devem ficar atentas e desconfiarem de propostas muito atrativas. Vagas de trabalho muito bem remuneradas e obtidas de forma simples são indicativos de golpe, ainda mais se atreladas ao pagamento de curso de qualificação”, diz.
Emilio reforça a importância de pesquisar sobre o histórico da empresa que oferece a vaga e acrescenta: “Caso alguém tenha sido vítima desse crime, procure as delegacias da Polícia Civil para o registro de ocorrência, para que possamos responsabilizar criminalmente essas pessoas e contribuir para a investigação desse grupo criminoso”.
Fonte: BHAZ