Por Maria Paula Paiva e Pedro Augusto Correa –
Na manhã desta quarta-feira, 09, foi deflagrada a operação Hidra pela Polícia Civil de Minas Gerais em Poços de Caldas, cidade no Sul do estado, que teve como objetivo desarticular uma organização criminosa especializada em aplicar golpes virtualmente. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão domiciliar e também 7 mandados de prisão cautelar.
Segundo investigações realizadas pela Polícia Civil, os golpistas criavam sites e anunciavam produtos pelo método dropshipping, que é um tipo de venda onde o anunciante não possui estoque. O comprador realiza o pedido pelo site do vendedor, e quando seu pedido é processado, o sistema efetua o pedido aos fabricantes chineses. Normalmente, a compra realizada levava em torno de 3 a 4 meses para ser entregue na residência do consumidor. Contudo, após esse prazo que era estipulado pelos golpistas, o produto não era entregue ao consumidor.
Quando as reclamações começavam a ser realizadas em sites conhecidos e públicos de reclamações de golpes praticados no meio digital, os anunciantes derrubavam as plataformas de venda e criavam outras. Durante as investigações foram encontrados mais de 50 sítios eletrônicos que foram criados e posteriormente derrubados pelos investigados.
A comercialização era de produtos de valores baixos o que, segundo o Delegado de Polícia Titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Delegado Thiago Henrique do Nascimento Moreira:
“É uma característica do golpe, já que, normalmente se pensa que o consumidor lesado, quando possui um prejuízo de R$50,00 ou R$100,00 não irá procurar os órgão de defesa e a polícia para encaminhar suas reclamações”, explicou o delegado.
Golpe gerou patrimônio milionário
Houve ainda a descoberta de que para impulsionar as vendas nos sítios eletrônicos e aumentar o alcance dos golpes os investigados investiam mais de R$100.000,00 (cem mil reais) por mês.
“Com o dinheiro arrecadado, os golpistas passaram a ostentar um patrimônio milionário, totalmente incompatível com a renda declarada junto à Receita Federal. Somente com a compra e venda de veículos de luxo, foi possível verificar atos de lavagem de dinheiro, chegando a um valor superior a R$3.000.000,000 (três milhões de reais)”, afirmou o Delegado Thiago Henrique.
Alcance nacional
As investigações apontaram que mais de quinze mil pessoas podem ter sido lesadas, com os golpes aplicados. Com a conclusão das investigações, foi dado início a representação judicial pela quebra de sigilo bancário, fiscal e de telefonia dos investigados, medidas estas, que foram autorizadas pela justiça após a manifestação do Ministério Público.
Os presos, cinco homens e uma mulher, entre 20 e 22 anos, foram conduzidos à sede da Delegacia Regional em Poços de Caldas para a formalização dos procedimentos. Em seguida, o grupo foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça.
Veja vídeo do Delegado Henrique falando sobre a operação:
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