Falta de recolhimento do FGTS preocupa e demissões sobrecarregam os profissionais do hospital
A reportagem do Alô Poços tem recebido diversas denúncias e reclamações de trabalhadores do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, que vão desde a falta de medicamentos e material de higienização a falta de profissionais e de reajuste salarial.
Conforme as reclamações, o hospital estaria há mais de seis meses sem recolher o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que deve ser depositado mensalmente na conta pessoal de cada trabalhador na Caixa Econômica Federal. Segundo as informações, os valores devidos são depositados apenas em caso de demissão.
A reportagem do Alô Poços procurou a Assessoria de Comunicação da Santa Casa nesta terça-feira (05) para falar sobre essa questão e demais assuntos que envolvem o hospital. De forma clara e direta a resposta foi: “Nós não vamos nos posicionar em relação ao que você pedir, você pode colocar que a Santa Casa não se posicionou”.
Acordo Coletivo
O hospital se encontra em negociação salarial com o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde e a proposta feita pela Superintendência da unidade de saúde, 3% para técnicos e salários mais baixos e 2% para os salários mais altos, foi rejeitada. A negociação continua, inclusive para as tratativas de reajuste maior no valor do vale alimentação e a volta do pagamento de insalubridade para trabalhadores da cozinha e da lavanderia, que foi cortado pelo atual gestor.
O sindicato da categoria propõe correção de 11% para que os salários não acumulem perdas e fiquem mais defasados.
A reportagem do Alô Poços tem procurado, insistentemente, falar por telefone com o sindicato da categoria desde a última semana, mas, sem sucesso. No início da tarde desta terça-feira (05), estivemos presencialmente na sede do sindicato e fomos informados que a presidente da entidade tem dado expediente no horário de seu almoço por ter dois empregos. Adiantamos o assunto para a secretária e deixamos nosso contato, contudo, até a publicação dessa reportagem não tivemos retorno.
Profissionais
Com relação às demissões, as informações são de que faltam profissionais em algumas alas. Na Pediatria, por exemplo, haveria apenas quatro profissionais, uma delas, até a semana passada, estava de férias, o que induz ao pensamento de que há turno com apenas uma profissional, enquanto que o ideal seriam três por turno de 12 horas. Para piorar o quadro, no último sábado (02), a chefe da Pediatria pediu demissão depois de aceitar uma proposta para trabalhar em Campinas (SP).
Na semana passada a reportagem do Alô Poços falou com a Assessoria de Comunicação Santa Casa sobre essas demissões que admitiu o fato de haver pedidos de demissão de profissionais para irem trabalhar por salário até três vezes maior do que é pago pelo hospital.
Remédios e Limpeza
Denúncias que chegaram dão conta de que a Santa Casa estaria passando por dificuldades na aquisição de medicamentos – situação que não é diferente para outras unidades de saúde e farmácias do poder público – e material de higienização.
A falta de medicamentos teria levado uma ex-funcionária da Santa Casa a guardar em seu armário pessoal as sobras de remédios dos pacientes ao final do expediente para garantir a medicação no próximo turno. Ela foi demitida após ser denunciada por outra funcionária.
A reportagem do Alô Poços chegou a tratar sobre essa questão com a Assessoria de Comunicação que negou a informação de falta de medicamentos. Com relação aos produtos de higienização, o único produto que estava em falta, de acordo com a Assessoria da Santa Casa, era água sanitária, mas, o problema já estava sendo contornado.
Verbas e Repasses
Na tarde desta terça-feira (05), durante Reunião Ordinária dos vereadores, foi formalizado o recebimento de cópia de ofício enviado pela Santa Casa à Secretaria Municipal de Saúde.
No ofício, a Superintendência da Santa Casa pede a finalização urgente da contratualização [processo pelo qual o gestor municipal do Sistema Único de Saúde (SUS) – sistema público de saúde – e o representante legal do hospital, estabelecem metas quantitativas e qualitativas de atenção à saúde e de gestão hospitalar, formalizadas por meio de um instrumento contratual: convênio, contrato, Termo de Ajuste ou outro].
O documento também pede agilidade nos repasses estaduais e federais devido ao significativo aumento dos serviços de saúde prestados pelo hospital e considerável crescimento da demanda de pacientes que são atendidos.
De acordo com o ofício, tudo isso demanda aporte financeiro condizente com a situação e maior apoio das diversas instituições que circulam as atividades da Santa Casa, dependentes de atenção por parte do hospital.