O tremor de 5,6 graus atingiu a mais populosa ilha do país, Java; arranha-céus de Jacarta tremeram, e danos estruturais são extensos perto do epicentro
Um terremoto de 5,6 graus atingiu nesta segunda-feira a principal e mais populosa ilha da Indonésia, Java, deixando ao menos 162 mortos, mais de 700 feridos e causando extensos danos estruturais. O tremor teve epicentro a cerca de 110 quilômetros ao sudoeste de Jacarta, fazendo os arranha-céus da capital tremerem.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o tremor perto do centro da cidade de Cianjur, em Java Ocidental, ocorreu a 10 km de profundidade, considerada rasa. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram casas e prédios reduzidos a escombros, destroços na rua e pessoas tentando ajudar nos resgates com as próprias mãos. Os trabalhos continuavam mesmo com o cair da noite.
— Devido ao grande número de pessoas que seguem presas nos escombros, consideramos que o número de pessoas mortas e feridas deve aumentar — afirmou o governador de Java Ocidental, Ridwan Kamil, indicando que deslizamentos de terra impedem o acesso a uma parte da cidade.
Segundo a Agência Meteorológica da Indonésia, ao menos 62 tremores secundários com magnitudes entre 1,8 e 4 graus foram registrados na área densamente povoada e lotada de construções irregulares. Parte do Círculo de Fogo do Pacífico, a Indonésia é um dos países mais vulneráveis do planeta à atividades sismológicas, na interseção das placas tectônicas Indo-Australiana, do Mar das Filipinas, Carolina e Sonda.
Nesta segunda, equipes de resgate tentam retirar pessoas dos escombros. De acordo com o chefe do governo de Cianjur, Herman Suherman, o número de vítimas cresce a todo tempo e o hospital da cidade teve danos estruturais e está sem energia elétrica desde o tremor — o que impedia os médicos de realizar cirurgias. Deslizamentos de terra também dificultam o acesso ao local.
Segundo imagens obtidas pela AFP, vizinhos transportam feridos para o hospital em jipes e motos, já que as ambulâncias não conseguem chegar a várias das regiões mais afetadas. Corpos sem vida eram deixados na frente do prédio, cobertos por uma lona.
O governo ergueu tendas na região para tratar os feridos, em sua maior parte com fraturas ósseas. Muitos deles recebem ajuda em colchões e cobertas no chão. Outros são atendidos em estacionamentos e espaços abertos, em grande parte mulheres e crianças.
— Estamos ocupados com as pessoas que estão em situação de emergência no hospital. As ambulâncias continuam a chegar desde os povoados — disse Suherman, afirmando que muitas pessoas estão sendo tratadas em centros médicos na região. — Há muitas famílias nos povoados que não puderam ser retiradas — completou, chamando a situação de “assustadora”.
De acordo com um porta-voz do governo local identificado como Adam, há “centenas, talvez milhares de casas” que sofreram danos. Lojas, um hospital e um internato islâmico também ficaram avariadas, segundo a imprensa local. De acordo com dados preliminares, ao menos 2 mil casas foram danificadas e mais de 5 mil pessoas precisaram ser evacuadas.
— Pedimos para que as pessoas fiquem no lado de fora dos edifícios por enquanto, levando em conta que pode haver tremores secundários — disse a diretora da Agência Indonésia de Meteorologia, Dwikorita Karnawati.
Agus Azhari, de 19 anos, estava em casa com sua mãe idosa quando a sala da casa foi destruída em questão de segundos. As paredes colapsaram em parte e o teto cedeu ao redor deles:
— Agarrei a mão da minha mãe e corremos para fora — disse o jovem à AFP. — Escutei gente gritando e pedindo ajuda por toda parte ao meu redor.
Os tremores foram sentidos em Jacarta, mas não há danos extensos registrados na capital. Ainda assim, várias pessoas foram forçadas a deixar às pressas os edifícios onde trabalhavam, correndo para as saídas de emergência.
— Estava trabalhando quando o solo tremeu. Pude sentir claramente a sacudida — disse Mayadita Waluyo, advogada de 22 anos.
A Indonésia foi epicentro do terremoto de 9,1 graus que, em 26 de dezembro de 2004, deu origem à tsunami que matou quase 225 mil pessoas na costa da ilha de Sumatra. Só em solo indonésio, estima-se que tenham morrido mais de 165 mil pessoas, uma das catástrofes naturais mais letais da História.
Em 2018, um terremoto de 6,9 graus deixou mais de 550 mortos na ilha de Lombok e na vizinha Sumbawa. No mesmo ano, outro tremor, este de magnitude 7,5, causou uma tsunami que assolou Palu, na ilha de Sulawesi, e causou a morte ou o desparecimento de 4,3 mil pessoas.
Em 2006, um tremor com magnitude 6,3 no centro da ilha de Java deixou 6 mil mortos e dezenas de milhares de feridos.
*Com informações: O Globo