Espera-se que, com Ronaldo, o Cruzeiro consiga ressuscitar de forma “fenomenal”. E Deus está vendo a necessidade
As voltas que o mundo dá. Em 1994, o Cruzeiro vendeu Ronaldo ao PSV Eindhoven da Holanda por US$ 6 milhões (R$ 34 milhões, a preço de hoje). Passaram-se 27 anos e agora Ronaldo comprou o Cruzeiro por R$ 400 milhões.
A notícia que explodiu neste sábado (19/12), ganhou enorme repercussão internacional. E, poucas horas depois do anúncio, José Berenguer, o CEO da XP Investimentos que intermediou a negociação do clube mineiro, soltou essa outra informação no seu perfil no LinkedIn:
“Não tenho dúvida que começamos hoje a transformar a história do futebol nacional. O Cruzeiro é só o primeiro. Muitas outras negociações semelhantes envolvendo os clubes brasileiros estão por vir. O Botafogo será o próximo, também assessorado pelo nosso Investment Banking”.
Algumas semanas atrás já havíamos anunciado aqui na coluna que a XP procurou o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro, para conversar sobre a possibilidade de o clube se tornar uma sociedade anônima.
É muito promissora essa nova regulamentação que favorece a transformação de clubes de futebol em empresas. A Lei que foi sancionada em agosto, institui a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) para o fomento de atividades relacionadas ao esporte, como a formação de atletas e a exploração de direitos de marca, propriedade intelectual e transferência de jogadores.
O investimento de Ronaldo no Cruzeiro é pequeno, se a gente comparar, por exemplo, com os valores que o Flamengo embolsou com a venda de dois jovens atletas, como Vinícius Jr (R$ 288 milhões) e Lucas Paquetá (R$ 224 milhões). Daria para comprar o Cruzeiro e ainda sobraria um troco para o rubro-negro…
Os R$ 400 milhões de Ronaldo equivalem a aproximadamente a 155 milhões de euros. Ou seja, é bem menos do que o “pix” de 222 milhões de euros que o PSG passou para tirar Neymar do Barcelona.
De qualquer forma, estamos falando de um empreendimento corajoso, num negócio que nem sempre dá o retorno desejado. A compra de 90% das ações do Cruzeiro será a terceira grande empreitada de Ronaldo como cartola. Hoje ele é sócio majoritário do Real Valladolid, da Espanha, time que foi rebaixado sob a sua gestão para a segunda divisão.
Antes, foi sócio do Fort Lauderdale Strikers, clube da Flórida que atuava na North American Soccer League (NASL), uma liga alternativa à MLS. Não foi uma experiência bem sucedida, é bom que fique claro.
Mas é preferível mirar-se no exemplo do Chelsea, comprado em 2003 pelo oligarca russo Roman Abramovich por 140 milhões de euros. Nesse período, o time inglês ganhou duas Champions League.
Espera-se que, com Ronaldo, o Cruzeiro consiga ressuscitar de forma “fenomenal”. Deus está vendo a necessidade.